Um dos múltiplos mundos paralelos que existem por aí é muito parecido com o nosso. Nele, Bolsonaro foi eleito em 2018 com o apoio maciço do bastião antipetista que é o interior de São Paulo, Bolsodoria surfou nessa onda para virar governador e Moro se tornou ministro do novo governo.
Parecido, não igual. Por lá todos lembraram que Bolsonaro havia sido o primeiro a derrotar a esquerda depois de muitos anos e esta continuava poderosa através do dinheiro que roubou, dos ministros militantes que colocou no STF, da imprensa que comprou, das universidades que aparelhou e tudo o mais.
Com isso, houve um consenso de que ela faria de tudo para voltar e era necessário combatê-la apoiando quem realizou o que outros só prometiam. Ainda que não se gostasse de alguma escolha sua, que ele fosse reeleito caso fizesse o fundamental. Depois, em 2026, se veria se havia algo melhor para colocar em seu lugar.
Para Bolsodoria, isso se casou com a necessidade de salvar o PSDB da extinção. Ele entendeu que não era mais possível viver em cima do muro e o partido morreria se descesse do seu lado esquerdo. O jeito era se aproximar do eleitorado que antes votava nele porque não havia outra opção viável contra o PT.
Com o apoio do estado mais forte, tudo ficou mais fácil. A mídia desidratada a nível federal abriu o berro, mas a paulista foi pressionada pelo anunciante estadual a deixar a Globo sozinha em sua cruzada. Dizem até que eles se combinaram nesse caso, numa estratégia de tesouras pela direita.
Na pandemia, São Paulo manteve o máximo possível de atividade econômica e desmoralizou a sabotagem do STF. Quando a vacina do consórcio demorou, Bolsodoria buscou a opção chinesa e a apresentou, ao lado do presidente, como um paliativo temporário. Ele só criticou Bolsonaro por não tomar vacina, mas amistosamente, salientando que cada um devia ter liberdade de escolher.
O resultado disso é que hoje, com um governo aceitável nos demais aspectos, Bolsodoria bate recordes de popularidade. É costumeiro vê-lo andando pela rua ou entrando num shopping sob aplausos da multidão. Se reelegerá governador em primeiro turno e, se continuar assim, pode se tornar presidente em 2026.
Já Moro não ficou no ministério. Porém caiu para cima, entrando na primeira vaga para o STF. Seus inimigos não queriam aprová-lo, mas no fim aceitaram o argumento de que era melhor tê-lo ali, como um entre onze, do que chefiando uma Polícia Federal que poderia ser vingativa com ele e se tornou bem mais "macia" sem ele.
Essa maciez foi parte da barganha de Bolsonaro que muitos criticaram, mas cuja sabedoria se viu quando tentaram fazer o STF rasgar a lei e descondenar o criminoso Lula, permitindo-lhe participar da eleição. Os ministros que queriam levar o plano adiante desistiram porque precisariam atacar o novo colega, abrindo um precedente perigoso que poderia se voltar contra qualquer um deles no futuro.
Eliminado esse risco, sem nenhum adversário com popularidade comparável à sua, é praticamente certo que Bolsonaro se reelegerá em 2022 e o que se discute é quem o sucederá em 2026. Doria é o nome mais forte. Mas muitos acreditam que Moro também pensa no cargo.
Porém este tem confidenciado a amigos que sua experiência no ministério o fez ver que não é talhado para liderar pessoas e envolver-se em questões políticas. Ele se sente muito mais à vontade e útil ao país no STF, onde pode agir como nos tempos de juiz, analisando os casos sozinho e tomando suas decisões.
Assim, tudo indica que ele permanecerá por lá até os 80 anos, idade em que os ministros do STF devem se aposentar compulsoriamente no mundo paralelo.
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