sábado, 12 de fevereiro de 2022

É dose

Lê-se por aí que aquele sujeito que se elegeu como Bolsodória e traiu a maioria do eleitorado assim conquistado planeja aplicar a quarta dose de vacina nos paulistas sem se preocupar com a opinião do Ministério da Saúde, responsável tanto pela compra de vacinas como pela definição do número de doses adequado a cada cidadão.

É mais um rompante autoritário típico do almofadinha. Mas o que ele realmente quer com isso além de aparecer nas manchetes da imprensa que patrocina? Creio que há duas linhas a considerar.

Primeiro, siga o dinheiro. Se, como se imagina, o Docinho for o seu verdadeiro representante no Brasil, a ineficiente e cara vacina chinesa foi o mais lucrativo negócio da sua vida. Mas a janela está se fechando dos dois lados, existem vacinas melhores sobrando e ele em breve não poderá mais controlar o dinheiro público.

Mesmo enfrentando o MS, eu não me surpreenderia se algum ministro do STF o autorizasse a adquirir vacinas por conta própria. Talvez não conseguisse nem aplicá-las. Mas elas seriam compradas, o povo paulista as pagaria. E todos os envolvidos receberiam sua parte na gorda comissão.

A outra perna da calça apertada é a política, que pode se combinar com a financeira ou andar sozinha. Esta semana surgiram comentários de que os tucanos planejam trair o traidor, deixando-o com o pincel na mão caso se afaste do governo, mas vamos esquecer essa hipótese por enquanto.

Doria não tem como se candidatar à reeleição porque passaria vergonha, não pode sair como deputado (nem agora nem depois) porque se rebaixaria. Está certo que isto é como nuvem, mas sua carreira política provavelmente acabou.

Só o que lhe resta é tentar sair por cima, derrotado ao tentar a presidência, pois ser eliminado nas finais do campeonato acontece aos melhores. Mas se a derrota é certa o seu tamanho é incerto. E a história da quarta dose pode fazê-lo ganhar os votinhos necessários para garantir um terceiro ou quarto lugar.

O brasileiro médio gosta de tomar remédio, fica chateado quando vai ao médico e este não lhe receita nada. Todos sabiam que as atuais vacinas seriam recebidas com entusiasmo por aqui.

Agora, quando querem obrigar crianças a tomar substâncias experimentais e vai ficando claro que as vacinas não eram o que prometiam e o excesso de doses pode torná-las ineficientes, a coisa começou a mudar um pouco. Mas não tanto, ainda há muita gente que quer se vacinar quantas vezes puder e vê com simpatia quem defende isso.

Em suma, a defesa da quarta dose pode render mais alguns tostões e/ou mais alguns votinhos ao traíra. E ele não perde nada ao defendê-la, pois quem poderia não gostar disso já não vai mesmo votar nele. Pode dar lucro e não dará prejuízo, é um bom negócio. O último antes do expediente acabar.


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