O assunto foi comentado na sexta passada e um seu aspecto fundamental foi desenhado no domingo para não deixar dúvidas. Pois não é que os comentários de ontem mostraram que nem isso adiantou? E como ali as coisas se estenderiam por horas graças à famosa técnica do cipó, o jeito foi voltar à prancheta.
A base de tudo é o texto de um tal Chistian Lynch, para quem o "povão" pobre está com Lula e Bolsonaro é "popular" entre a pequena burguesia (o taxista, o dono do mercadinho etc), uma gente ressentida com que está acima dela que gosta de humilhar quem está abaixo e perdeu esse prazer com o lulopetismo.
Um primeiro problema, acredite, é que eu falei que o Lynch separa os dois grupos por "renda" e o comentarista que o admira observou que ele não usava essa palavra. Realmente não usa, mas é tão óbvio que esse é o seu critério para distinguir os grupos que esse cipó foi logo abandonado.
A próxima dificuldade foi eu ter dito que um grupo era ressentido e outro era "tranquilo", no sentido de não ser ressentido. Mas não adiantou explicar porque se voltava à conversa de que essas pessoas tinham uma vida difícil e, portanto, não eram tranquilas em outros aspectos da existência. Assim, eu substituí o "tranquilo" por "não ressentido".
Primeira etapa
As figuras abaixo apenas ilustram a classificação do esquerdinha. Num mundo em que há quem ganhe dezenas ou centenas de cifrões, o taxista bolsonarista ressentido fatura uns cinco e o pobre lulista não ressentido consegue uns dois.
Segunda etapa
Em cada grupo existem subdivisões, com gente que ganha mais e ganha menos, critério básico do Lynch. O comentarista implicou até com o fato do pensador não ter dito isso! E não disse, mas não precisa. Quando se fala que algo durou 24 horas sabe-se que há um dia e uma noite nesse período. Do mesmo modo, há pobres que ganham mais e ganham menos, taxistas idem, isso é tão óbvio que é difícil imaginar que alguém conteste.
O esquerdinha não disse, mas existe e eu lembro para preparar a crítica final. Assim, vamos lá. Os dois grupos se subdividem conforme a ilustração abaixo. Acrescenta-se que, conforme o critério do Lynch, os bolsonaristas que ganham menos devem ser ainda mais ressentidos que os outros.
Terceira etapa
Até aqui estava tudo bem e a ideia até poderia ser defendida. Acontece que os dois grupos não vivem em mundos distantes e, se os agruparmos por renda (critério classificatório básico do "cientista social"), teremos a situação abaixo.
Não sou eu quem está dizendo que as coisas são assim. Quem diz é o Chris, o que está acima é apenas uma decorrência do pensamento do cara. E para mostrar que ele está falando bobagem, basta imaginar que quem ganhava quatro cifrões passa a ganhar três ou vice-versa.
Num caso, o cara foi caindo de renda e se tornando cada vez mais ressentido e adepto do Bolsonaro. Mas aí, quando ele cai mais um pouco, se transforma, segundo o critério do Chris, em alguém não ressentido e adepto do ladrão petista.
No outro caso, o lulopetista que não sabia o que era ressentimento começa a melhorar de vida, abre um mercadinho e, segundo o critério do Chris, se transforma num bolsonarista ressentido (e no nível máximo de ressentimento).
Será que deu para entender a idiotice da classificação estabelecida pelo sujeito?
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