Se o gado a que nos referimos ontem tivesse alguma preocupação com a coerência, teria sérias dificuldades para explicar o que acontece com a vacinação dos bezerrinhos de 5 a 11 anos de idade, muito abaixo dos 100% que governadores como o Docinho prometiam para agora.
Segundo declara o "presidente em exercício" ao seu querido UOL, quase 50% das crianças na citada faixa etária tomaram ao menos uma dose da vacina no estado. E como ele tende a se confundir com percentuais quando se trata do assunto ("garantia de 100% de proteção"), é provável que o número verdadeiro seja menor.
No Rio, o prefeito Eduardo Paes diz estar um pouco abaixo desse índice, chegando aos 40% de crianças vacinadas. Mas o próximo percentual é muito mais baixo: no país todo, apenas 15% das crianças de 5 a 11 anos foram vacinadas.
Sim, sim, você calculou certo. Se no maior estado está 50 e na segunda maior cidade está 40, o 15 do país inteiro significa que há lugares em que os números são extremamente baixos. Para dar um só exemplo, na Paraíba, orgulhosa participante do Consórcio do Nordeste, o percentual é de 2%.
Culpa de quem? Muuu, Bolsonaro genocida e antivax. Para o gado que não consegue decidir por si mesmo e imagina que todos são como ele, a responsabilidade sempre é do fazendeiro que manda ou não manda vacinar. O presidente falou que não vai vacinar a filha pequena e todos foram atrás.
Mas se fosse assim nem os adultos teriam se vacinado, pois Bolsonaro não se vacinou. Como explicar isso do ponto de vista gadístico? As pessoas desobedeciam ao presidente e de repente passaram a obedecer? Queriam se proteger, mas não se preocupam com os filhos? Amavam a vacina e se transformaram em antivax?
A realidade é outra. Apesar de toda a pressão da mídia, as pessoas se informaram por outras fontes e pesaram os riscos e vantagens das vacinas antes de decidir o que fazer. E a maioria decidiu que valia a pena arriscar quando se tratava de si mesmo, mas não quando envolvia crianças pequenas cuja chance de pegar a doença é mínima.
Acredito até que isso mude se daqui a alguns meses ou anos as vacinas forem aperfeiçoadas e/ou não surgirem casos de crianças prejudicadas por elas. Mas eu não levaria meu filho correndo para ser cobaia e parece que a maioria teve a mesma opinião.
Isso não tem nada a ver, a não ser muito secundariamente, com o que o cidadão Jair Messias decidiu fazer na sua família. E se o gado raciocinasse até ficaria feliz com isso, pois a maioria dele prefere um candidato ladrão que não teria chance alguma contra o presidente se as pessoas o estivessem seguindo desse modo.
Quem não está muito alegre são os projetos de ditador que se multiplicaram por aí graças ao STF. As pessoas até aceitam restrições absurdas quando se trata delas mesmas, mas tente tocar em um fio de cabelo de seus filhos para ver. As declarações arrogantes de que as crianças seriam obrigadas a se vacinar já sumiram da mídia. Agora só se vê por lá os que rosnam de ódio com a perda desse poder.
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