quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Bandeiras na favela

Ela sabe que, como seu líder criminoso e toda a sua turma, logo precisará fingir ser o que não é, entrar numa igreja, se dizer cristã e defensora dos valores da maioria do povo. Sabe também que não adianta apagar porque o print é eterno. Mas, mesmo sabendo disso tudo, ela não resistiu a gritar para o mundo o que realmente pensa.

A Colômbia legalizou o aborto! Com até 24 semanas, quando alguns prematuros já nasceram! Vitória! Vitória! O furor da esquerda com a possibilidade de derramar sangue inocente é uma compulsão, um vício que pode lhe custar caro na hora de tentar enganar de novo o eleitor, mas a cujo prazer ela não consegue deixar de se entregar.

"Irritante", escreveu a colunista ao se referir ao número de apoiadores de Bolsonaro que hasteia bandeiras nacionais em todas as regiões do Rio. Vai se irritar mais quando a moda se espalhar. E com número, pois 22 é o ano do bicentenário e os petistas, falsos também nisto, fogem das cores pátrias como o vampiro sanguinário da cruz.

"O bolsonarismo pegou", "veio para ficar, como o trumpismo", disse ainda a jornalista ao contar que encontrou o mesmo apoio popular ao visitar os parentes no interior de Minas. Segundo seus cálculos, 25% da população está nessa, compartilha uma visão do mundo e valores que foram de algum modo encarnados pelo presidente.

Se as calças já o eram, a situação apertou. Aproxima-se a eleição e as chances de Doria se eleger são próximas de zero. Inclusive em São Paulo, onde ele teve milhões de votos em 2018. Será que esses eleitores acham que ele foi tão ruim? Como um deles, eu respondo que não, foi até relativamente bem. O problema é outro.

Eu não votei nele, votei no Bolsodoria, um sujeito que apoiaria o presidente que havia derrotado o asqueroso petismo e seria bombardeado por isso. E ele fez o oposto. Pode até ter melhorado uma ou outra coisa, não me interessa, eu não vou votar no traidor. E, pelo que se vê, a grande maioria dos paulistas compartilha dos meus valores.

Valores, é isso que as três histórias acima têm em comum. Nós falamos de coisas que serão decisivas em termos eleitorais e em nenhum momento mencionamos o PIB, a inflação, a taxa de emprego ou qualquer das variáveis que muitos se acostumaram a analisar quando se trata de eleições.

"É a economia, estúpido" funciona relativamente bem quando não há uma diferença cultural significativa entre os candidatos. Onde a população se divide em hindus e muçulmanos que vivem às turras, já dizíamos meses atrás, quem é de uma etnia não vota no candidato da outra.

Aqui a divisão cultural é outra, mas é inegável e cada vez maior. Não dá para saber com exatidão, mas uma enorme parcela da população, provavelmente a maioria, não votará pensando no desempenho econômico de ninguém. Votará em quem pertence ao seu time ou para derrotar o time do adversário.

Ah, claro, a tendência a se preocupar com comida no prato deve ser maior nas faixas de renda mais baixas. Mas eu acho que ela talvez só seja majoritária (se o for) entre os 25% mais pobres. Aqueles que recebem o dobro da bolsa anterior desde o advento do Auxílio Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário