No auge da pandemia, eles diziam que multidões sairiam às ruas contra o presidente. Nós dizíamos que era o inverso e o 7 de Setembro mostrou quem tinha razão numa base de cerca de cem para um. Eles, que precisavam contratar torcidas organizadas para ir além do vão do MASP, decidiram até cancelar suas micaretas.
Passaram a mentir de um modo mais seguro, pelas pesquisas ao estilo Vox Populi, cujos números tratam como realidade mesmo que não se veja nada daquilo na vida real. Mas estaríamos nós certos antes e equivocados agora? Eu vou falar rapidamente de três segmentos para dizer porque me parece que não.
Três grandes grupos
O primeiro são os evangélicos e demais religiosos que levam o tema a sério, que atinge cerca de 40% da população e do eleitorado, no qual Bolsonaro teve 70% dos votos em 2018. Abundam as mostras de que nada aí mudou, mas alguns insistem que esse negócio de valores é bobagem e o pessoal vai abandonar Bozo pelo estômago.
Bem, para afrontar seus valores a pessoa precisa estar muito mal economicamente. E, no caso, também não saber que, considerando as situações, Bolsonaro foi muito melhor que o PT em qualquer área, da economia à segurança. Mas, tudo bem, se é para falar de gente em má situação e ignorante, vamos ao segundo segmento.
A base da pirâmide receberá o Auxílio Brasil. Mais de 17 das 69 milhões de famílias brasileiras, 25% da população e do eleitorado. Esses vão votar em Bolsonaro? Ou aqui se inverte o raciocínio e seus valores (quais?) os impedirão de votar em quem lhes deu o dobro para forrar o estômago?
Os valores do terceiro segmento coincidem literalmente com o estômago. É o agronegócio, que, como até o UOL constatou, está espalhando outdoors de apoio ao presidente pelo país. Com razão, pois, além do fim do financiamento oficial à bandidagem do MST, esse pessoal está vendo as estradas e pontes que precisava.
Seria essa apenas uma visão dos patrões? Poderia ser, naquele universo paralelo em que os proletários de todo o mundo vão se unir e... Na vida real, no interior, todos torcem para o frigorífico fechar bons negócios ou a colheita ser boa, porque isso alavanca o restante. E quem mais torce é quem está no setor.
Pouco mais de 18 milhões de brasileiros trabalham no agronegócio. Aqui são todos maiores de 16, todos eleitores, perfazendo mais de 12% do eleitorado. Supondo que, na média, cada um tem deles mais um familiar eleitor que não é do ramo, mas vota como se fosse, você tem aí outros 25% do eleitorado.
Conta simplificada
O grupo dos religiosos se cruza com os outros, mas quem é do agro não recebe bolsa. Reunindo tudo de modo simplificado, você tem 70% do eleitorado e a fórmula abaixo para calcular os votos que eles darão a Bolsonaro. É só substituir os nomes pelo percentual que você acha que ele vai ter em cada segmento.
0,25.AB + 0,25.Agro + 0,20.Evang + 0,30.Resto = Voto
Ah, coloquei também o Resto, os 30% de quem não é tão religioso, não recebe ajuda e não trabalha no agronegócio. Esse é provavelmente aquele país em que você vive, em que vivem os que fazem os jornais, quase todos os petistas, a gordinha do Ibope etc. É uma França inteira, mas é minoria. O grosso do Brasil está lá fora.
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