Na escola a gente conheceu o Efeito Doppler-Fizeau. E o Brasil criou o efeito Dunga-Falcão, dois caras que eu tenho toda a liberdade para criticar sem ser acusado de prevenção porque antes de serem ídolos nacionais o foram do meu time, crias da base colorada, gente da minha família futebolística.
Falcão extraordinário, mas, cada um no seu estilo, ambos espetaculares como jogadores. Como jogadores. Como técnicos, os dois treinaram o Inter e eu torci muito para que dessem certo porque a transição parecia maravilhosa, mas me vi obrigado a aceitar que nenhum dos dois foi grande coisa.
O interessante é que essas duas malogradas carreiras não começaram no Beira-Rio, mas na Seleção Brasileira. Houve um momento em que alguém imaginou que a solução para ganharmos a Copa seria dispensar treinadores de carreira e contratar um ex-jogador que tivesse se destacado pela técnica ou pela liderança em campo.
O cara foi bem num setor, por que não seria no outro? Foi ótimo quando comandado, deixemos que comande. Quantos excelentes vendedores não se tornaram péssimos gerentes de vendas porque alguém um dia teve a ideia de premiar seu desempenho com uma promoção?
Recordo também do Adib Jatene, que dizem ter sido um grande médico. E lembro do ministro ingênuo que defendia com unhas e dentes a CPMF sem acreditar que, como quase todos previam, o dinheiro que entrasse por aquela nova porta nunca seria maior que o que deixaria de entrar pela antiga.
Acontece em todas as áreas, mas prefiro o exemplo do futebol porque o envolvimento é maior e me permite entender realmente a situação. A gente não quer acreditar no resultado bisonho que está vendo, discute com os amigos mais realistas, acha que tudo vai engrenar de repente...
Só que não engrena, fica cada vez pior. E aí chega o dia em que você é obrigado a admitir que insistir só prejudicará o time e auxiliará o verdadeiro adversário, que mesmo que você não simpatize com o treinador que os outros defendem é ele quem tem condições de ganhar o campeonato que você já está quase entregando.
Depois passa, a gente esquece da bobagem, vá por mim que já não sou capaz de citar um só episódio dos dois medíocres treinadores. Não é questão de tempo, mas de dar importância ao que merece. Eu lembro bem de Dunga como jogador numa época mais antiga. E ainda melhor de Falcão, que jogou antes dele.
Lembro, por exemplo, do gol acima ilustrado. Semifinal de 1976, o Atlético fez 1x0. O Inter entrou para matar ou morrer no segundo tempo. Bateu, bateu, e Batista empatou aos 28. E aí, quando a prorrogação parecia inevitável... Bem, perca um minuto e clique na imagem para ver por você mesmo.
Para terminar, aquele cara que lança a bola do meio do campo é o tal Figueroa. Quem a passou para ele foi o Marinho Perez e quem a tocou de primeira para Escurinho foi o Dario. E na torcida da fileira mais alta atrás do Falcão tem um moleque com o cabelo parecido com o dele e mais magro que ele. Saí desfocado, mas saí na foto.
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