Nem toda crítica é desonesta, hoje em dia tem que começar explicando. Mas, entre as que o são e têm Bolsonaro como alvo, as que se baseavam em mentiras absurdas foram perdendo espaço com o tempo. Creio que nem alguém como a Eloucona teria agora coragem de repetir as asneiras que escreveu quando ele era candidato.
O ódio irracional foi inoculado a partir daquelas imbecilidades. Mas as que tentam lhe oferecer atualmente uma motivação aparentemente racional costumam seguir um padrão diferente, mais sutil, cujo cerne consiste em desfazer a hierarquia ou a ordem lógica dos fatos para "remontá-los" segundo o interesse visado.
Essa ordem é algo simples e usual. Se você está lendo um livro e o personagem entra na sala, o que ele faz a seguir ocorre ali, não na cozinha ou no quarto. Se o caput de uma lei se refere a x, suas primeiras subdivisões podem se referir a casos específicos e a última aos "demais casos", mas estes continuarão subordinados a x.
Poderíamos citar inúmeros outros exemplos, mas ficamos com o jurídico porque todos devem lembrar de quando, para atacar um deputado bolsonarista, nosso STF decidiu aplicar seu regimento interno ao resto do mundo sob o argumento de que este estava coberto pela expressão "nos demais casos", encontrada em uma de suas alíneas.
Evidentemente, os ministros que cometeram tal absurdo sabem o que estão fazendo, são cínicos manipuladores. Mas o mais comum é encontrar coisas assim entre pessoas que quase nunca se pode ter certeza se são como eles ou apenas manipulados.
Nesse nível mais popular, nós podemos destacar a afirmação de que Bolsonaro é tão mau que deixaria o povo morrer sem vacina, depois substituída pela de que ele comprou, mas isso não vale porque ele não queria comprar.
Queria ou não queria? As duas coisas, responderia a Chiquinha. No início X não queria gastar bilhões com vacinas ao invés de usá-los em outras coisas. Depois, verificando a gravidade do problema e que as vacinas podiam quase resolvê-lo, queria para que as pessoas não ficassem com raiva dele por perder parentes e amigos, a economia voltasse a funcionar e ele depois pudesse se reeleger.
X é Bolsonaro, mas também Macron, Fernández, Putin... Qualquer administrador pensa assim, lamentando o desperdício que muda os planos no início e escolhendo a própria sobrevivência ao final. Nenhum político se suicida num caso desses, não é questão de ser bom ou mau.
Porém o truque aqui consiste em deixar subentendido que é e que o malvado Bolsonaro só pensou na primeira parte da coisa enquanto os demais são bondosos que só pensaram na segunda. É infantil, uma variação do "bobo e feioso", mas funciona entre o público a que se dirige.
O segundo truque jamais prosperaria num país mais prevenido contra o fanatismo como a Alemanha, onde, como vimos recentemente, vários jornais questionam a validade e a eficiência das atuais vacinas. Isso é natural e até a obrigação de um governante, pois estamos tratando de expor toda a população a produtos experimentais.
Mas não foi assim que venderam a coisa. Os manipuladores novamente dividiram o mundo entre os bons que idolatram a santa vacina - "a", como se todas fossem iguais - e os maus que levantam dúvidas contra ela. Imagine essa gente contratando um pedreiro, o sujeito faz um trabalho porco e rouba o dinheiro da obra, mas eles não o criticam porque isso seria ser contra erguer a casa.
E o terceiro truque é o que mais se aproxima da supracitada quebra de hierarquia. Você decide construir a casa no início e a conclui no final, abre a vaga no início e a preenche no final, sai de casa no início e chega ao destino no final. Entra no consórcio para produzir vacinas no início e se torna um dos campeões mundiais de vacinação no final.
Isso é o decisivo. Mas entre o início e o final, inúmeras coisas secundárias acontecem. Você recusa levas de tijolos que não estão do seu agrado, entrevista candidatos que não são admitidos, pode ser obrigado a parar na oficina para resolver um problema inesperado...
É simples de entender. Mas a malandragem/idiotice consiste em tratar todos os fatos como se tivessem a mesma importância. Se pensar assim, você pode até dizer que tem provas de que o dono da loja não queria empregar ninguém, pois dispensou quarenta candidatos e o que foi afinal contratado é só a exceção que confirma a regra.
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