quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Apocalipse não

No cavalo de Guerra eles estão montados desde a época da eleição, de tudo tentando, de atentados à faca à perseguição de apoiadores que precisam se exilar, para derrubar quem lhes retirou a chave do cofre. Mas, por circunstâncias do destino, foram os outros três cavaleiros que os apoiaram de maneira mais literal.

Eles até gostariam de levar Guerra ao pé da letra, mas aí seriam necessários exércitos e uma coisa é fajutar pesquisas com institutos que já não se envergonham de "errar", outra é botar milhões de pessoas reais nas ruas. Sem opção, vendo o povo do outro lado, eles decidiram continuar se limitando ao mundo das redes e das redações.

E foi então que Peste e Morte surgiram, cavalgando lado a lado para restaurar sua abalada esperança. A parte chata é que eles precisavam fingir alguma consternação, forçar falsas lágrimas. Mas mal podiam disfarçar o entusiasmo com os dois aliados que, no seu entender, os levariam de volta ao poder.

Considerando Peste e Morte invencíveis, não conseguiram falar de outra coisa por mais de um ano. Faziam até contas. Todos lembramos dos artigos calculando que haveriam x mortos e cada um teria y amigos e parentes que jamais votariam novamente no usurpador.

Nós avisamos que o número de afetados seria menor, que só 40% destes entrava nos cálculos porque os outros já não votavam mesmo no cara. E que mesmo entre os 40% eles só atingiriam os extremamente ignorantes que não conseguiriam perceber que o problema era mundial e o atribuiriam à instância de governo que cumpria seu dever, repassando recursos para as que deviam cuidar diretamente dele.

Mas eles apostavam na ignorância popular, alimento maior da Besta que os lidera. Baseados num pequeno atraso do fornecedor há muito contratado, ainda tentaram aplicar o discurso mentiroso às vacinas. Porém, percebendo o ridículo de criticar um dos casos de maior sucesso do mundo, foram pouco a pouco se calando.

É claro que algumas pessoas continuaram morrendo e suas vidas eram tão valiosas quanto as das que se foram primeiro, mas eles nem se deram ao trabalho de continuar fingindo que se importavam com isso. Como as mortes não podiam mais ser usadas politicamente, deixaram-nas de lado e saíram em busca de um novo líder.

E ele veio. E eles o saudaram com o mesmo entusiasmo de antes: Fome sim, nos devolverá a chave do cofre! É nisso em que hoje se baseiam, basta ver por aí. Um líder evangélico tuíta que as falsas pesquisas não combinam com o que ele observa diariamente entre os fieis e um deles responde que essa história de valores é conversa fiada e o estômago vazio jogará os tolos evanjegues nos braços da Besta.

Será? A gente sabe que eles não estão totalmente errados em confiar na ignorância do povo, mas agora esta precisaria ser acumulada. O eleitor não poderia saber que o problema é mundial e o Brasil é um dos que melhor o enfrentou. Deveria esquecer que foram eles que o aumentaram aqui com seu "fique em casa". E precisaria acreditar que ladrões que quebraram o país agora se mostrariam honestos e eficientes.

Além disso, será que a situação não mudará em meses como a de Peste e Morte? Ela é tão grave a ponto de pessoas abdicarem de seus valores? Haverá mesmo gente passando fome? O auxílio de 400 reais não resolverá isso? E os que mais precisam agradeciam a quem lhes dava 200, mas não serão gratos a quem lhes dá o dobro?

Arrogantes, zombeteiros, com aquele sorriso de escárnio que caracteriza o mal, eles garantem que é impossível. Contam já com a vitória, com sua capacidade de enganar. Confiam na ignorância do povo, acreditam que a Besta, novamente liberta, é invencível.

Talvez tenham razão, pode ser que seja mesmo o apocalipse. Mas olho vivo no céu, também pode ser que não.

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