Dória se candidatará a presidente, mas não se elegerá. Moro também será candidato, mas não será forte. A eleição deve ficar entre Bolsonaro, que ainda enfrentará turbulências no atual mandato, e Lula, que deve ter cuidado com a saúde. Um ministro do STF apresentará um quadro grave de doença e falecerá, chocando o país.
Essas são algumas das previsões do vidente Rodrigo Tudor, que, para comprovar que seu poder não se limita a fatos imediatos, também declarou que novas variantes do vírus chinês continuarão a aparecer e serão freadas pela vacinação, a Pfizer se tornará uma potência e não teremos nenhuma nova pandemia nos próximos 100 anos.
Algumas até eu faria. Vaticinar que Dória não será presidente equivale a dizer que o Goiás não será campeão brasileiro. Mas o que eu não podia prever é que não seria fácil encontrar alguém como o Rodrigo, já que, num passado recente, nessa época do ano a imprensa estava lotada de gente prevendo o que aconteceria no próximo.
Será que isso não atrai mais os leitores? Teria a humanidade mudado? Ou quem mudou foi a nossa imprensa, que agora é mais científica? Acho que ela até tenta passar essa imagem, mas apenas como uma roupagem para subordinar a antiga ânsia de conhecer o futuro à sua cada vez mais aberta militância política.
As previsões existem, mas agora se chamam pesquisa de opinião. Tempos atrás, na antiga encarnação do blog, ao mostrar como as pesquisas erraram no passado, nós vimos que até uma integrante da turminha como Elaine Cantanhede confessava que as atuais pesquisas de pouco valem porque o pessoal não está ligado na eleição.
Mas eles dão uma trégua e logo voltam à carga, sempre baseados nos mesmos institutos. Um é o da UOL/Folha, cuja parcialidade dispensa apresentações. O outro é o Ipec da gordinha ex-Ibope, que após aquele início atabalhoado e sem site parece ter se consolidado ao oferecer o que o cliente quer (se é que vocês me entendem).
Outros se esforçam para pegar beiradas do noticiário com reforços ocasionais dos números que agradam aos jornalões. Só o pobre Vox Populi já nem pela CUT é contratado, tornou-se tão dispensável quanto a velha prostituta que enfrenta a concorrência das universitárias que cobram o mesmo preço.
E em cima das pesquisas vêm os artigos que as tratam como fatos consumados, cuidando apenas de acertar alguns detalhes desse verdadeiro noticiário do futuro que o leitor desatento a que ele se dirige aceita como real. Não é por acaso que o Rodrigo Tudor perdeu espaço, o jornal é hoje um imenso horóscopo.
No entanto, observando com atenção, algumas coisas não batem. Por que essa ânsia em unir forças contra quem já está derrotado? Por que o eterno condenado aceitaria um novo Temer de vice quando pode vencer no primeiro turno com uma chapa puro-sangue? Por que eles continuam angustiados com sua baixa interlocução com os evangélicos se as pesquisas garantem que já conquistaram quase todos?
Eles não falam disso. Se o plano não der certo (como não deu na eleição presidencial de 2018 e em vários outros casos) basta ajustar os números entre o primeiro e o segundo turnos para dizer que o eleitor mudou de opinião na última hora e eles sempre acertaram. Isso sim, é fácil de prever.
Quanto ao resto, quem será o ministro do STF que bluft? Não nos façam sonhar.
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