Nunca é demais repetir. Faz tempo que o pessoal ideologicamente subordinado à ditadura cubana percebeu que aquelas cenas com barbudos descendo de metralhadora da montanha não se repetiriam em outro lugar. Não haveria mais atentados à bomba, não mais assaltos a banco para financiar a revolução, nada de guerrilha.
Alguns mantiveram essas atividades e a antiga fachada, mas passaram a se dedicar a outros propósitos. É o caso dos revolucionários das FARC, que tiveram muito mais sucesso como traficantes de cocaína, auxiliando inclusive a sustentar a sede insular da família quando a mesada soviética terminou.
Alguns resistiram a entender e foram tratados como irmãozinhos teimosos pelos demais. É o caso dos integrantes do chileno MIR, que continuaram a se dedicar ao sequestro de burgueses como Abílio Diniz e Washington Olivetto em países vizinhos, sempre contando com o carinhoso apoio dos companheiros locais.
Nenhum deles deixou de buscar a ditadura sem fim que caracteriza sua ideologia assassina, mas o modelo para chegar ao objetivo passou a ser o "bolivariano", através do qual o partido finge seguir as regras democráticas até conquistar o poder e passa então a manobrar para nunca mais ser retirado de lá.
Eles tentaram em todos os países em que foram eleitos, mas tiveram resultados diferentes em cada um. Onde se deram melhor foi na Bolívia, onde ainda enfrentam muita resistência, na Nicarágua do companheiro Ortega e, principalmente, na terra do Socialismo do Século XXI, a Venezuela da democracia até demais.
Lá tem eleições com urna eletrônica e tudo. E a democracia é tanta que na última, realizada há pouco, um dos seus 20 estados estava sendo conquistado pela oposição. Estava do verbo não está mais, pois a eleição terá que ser refeita sem a presença do candidato oposicionista, apenas com o situacionista. Quem vencerá?
É assim desde que Chavez chegou ao poder. Existe a eleição e o voto é até impresso, mas manobras como a atual impedem na prática a vitória da oposição. Quanto esta era forte num local as zonas eleitorais podiam ser alteradas para seus votos valerem menos na prática. Numa ocasião em que oposicionistas conquistaram várias cidades importantes a função de prefeito tornou-se apenas decorativa pouco depois.
Mas essas barbaridades nunca foram cometidas pelo presidente eleito democraticamente (até demais), nada disso. Todas elas foram decisões da justiça, em geral da Suprema Corte que passou a alterar decisões legislativas, regras eleitorais e tudo aquilo que de algum modo desagradasse ao governo revolucionário.
Encher as cortes mais altas de militantes fiéis e exercer a ditadura através de suas decisões é o segredo maior do modelo bolivariano. Em alguns países isso lhes permite até perder a principal eleição majoritária e continuar dando as cartas, ainda que imperfeitamente, durante o governo do opositor.
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Esse texto é só uma lembrança para o dia em que um indicado ao nosso STF vai para a sua sabatina sob uma oposição nunca vista no passado. Ele é apenas o segundo a ser proposto pelo governo que sucedeu ao representante local do bolivarianismo, mas parece que, para eles, dois já é democracia demais.
Ah, outra lembrança. Os venezuelanos (e nicaraguenses, e outros) nunca pensaram que essas coisas poderiam acontecer em seus países.
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