terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Celular Brasil

Uma imagem vale mais que mil palavras. Foi Confúcio quem a criou, 25 séculos atrás, mas a frase continua extremamente atual e pode ser aplicada à imagem acima, uma das tantas utilizadas para se referir ao novo Auxílio Brasil, programa criado pelo Governo Federal para substituir o antigo Bolsa Família.

Essa troca é informada na própria imagem, de modo indireto, pela manutenção do App com novo nome. O antigo está acima, já menor, e depois deve ir para baixo e sumir em alguns meses. É o padrão. Os americanos compram o mercado Irmãos Silva e ele vira Silva & Smith, depois Smith & Silva e, finalmente, Smith Brasil.

Também vemos o logo da Caixa, cujo aplicativo já é conhecido por quem recebeu o Auxílio Emergencial. E o slogan do governo, o Pátria Amada que se desdobra no Pátria Acolhedora e no Pátria Honesta que, juntamente com as cores nacionais, parece estar aí para confrontar os que se caracterizam pela desonestidade e por cores alienígenas.

Mas o principal é o próprio celular, por onde se dará prioritariamente a comunicação entre o governo e o povo. Nem todos têm acesso à Internet, mas 94% dos lares brasileiros tinham ao menos um aparelho de celular em 2019. Hoje deve ser mais. E ainda há um pequeno grupo que não tem celular, mas tem telefone fixo.

Mesmo que os eventuais 5% sem nada continuem assim nos próximos tempos e estejam todos entre os auxiliados, o governo pode contatar os outros 20% que também estão de forma direta quando quiser. Alguns com mais frequência, através de zaps, outros por telemarketing.

É evidente que essas podem ser oportunidades para realizar ações eleitoreiras sobre esse público e calibrá-las a cada passo e a cada grupo de alvos de acordo com suas reações. Não dá para ser nada escandaloso porque a marcação será cerrada, mas é para isso que existem os Steve Bannon da vida.

O PT já fazia isso do seu modo tosco. Eles lançavam aqueles boatos de que o Bolsa Família iria acabar e depois informavam aos usuários que, pelo contrário, o atual governo assegurava a manutenção do programa no momento e no futuro, caso fosse reeleito. Mas se a oposição ganhasse não se garantia nada, era o recado que todo bolsista entendia.

Como a lavagem cerebral do petismo é recente, Bolsonaro dificilmente levará os 80% de votos que o partido-quadrilha amealhava no segmento e faziam o condenado Dirceu vibrar. Mas tampouco ficará nos 20% que ele já tem só pelos "valores" e no seu percentual entre os evangélicos e demais religiosos.

Qual será a divisão eleitoral desse público que, lembremos, reúne nada menos que um quarto da população total? Saberemos depois que o telefone tocar.

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