domingo, 21 de novembro de 2021

Coisa mágica

Adivinhe quem é o malandro e quem é o otário deslumbrado na foto acima. Uma pista: o primeiro mostrou que sabia muito bem quem era o segundo ao registrar para a posteridade, em suas memórias, que "o cara" (como o chamava para manipulá-lo pela vaidade) era um "chefão do Tamanny Hall" que roubava bilhões.

Não foi só ele, durante algum tempo "o cara" encarnou a personagem do semianalfabeto que dirigia um exótico país tropical cujos habitantes vivem na praia sambando e jogando futebol, o primitivo que chegou lá de quem todos querem se fazer condescendentemente de amigo para ficar bem com a imprensa local.

Claro que, embalado pelas habituais doses extras, ele acreditou que estava fazendo um sucesso sem igual, que todos achavam realmente suas piadas sem graça divertidíssimas e o restante. Nem é preciso explicar muito isso porque as imagens como a anterior são abundantes e falam por si.

Tanto acreditou que um dia, do nada, ele e o palhaço Amorim desembarcaram no Oriente Médio para fazer a paz entre os filhos de Sarah e de Agar. Coisa difícil, briga milenar. Mas não para o patriarca da corrupção, que, confiando em sua experiência no sindicato, garantia que tudo era questão de conversar e abrir uma garrafa de uísque.

Caramba, então era só ter chamado um sindicalista picareta! Como ninguém havia pensado nisso antes?

De saída provocou um incidente diplomático, recusando-se a depositar flores no túmulo de Theodor Herzl como qualquer dirigente estrangeiro faz em Israel. E assim eles ficaram, batendo cabeça pela região até que a crítica do governo americano a um novo assentamento na Cisjordânia os deixou em êxtase. Como ele explicou:

"O que parecia impossível acon­­teceu: os Estados Unidos tendo divergência com Israel. Isso era uma coisa praticamente impossível e, quem sabe, essa divergência era a coisa mágica que faltava pa­­ra que se chegasse ao acordo. Acre­­dito que uma desavença inesperada entre dois aliados po­­de ser a chave do sucesso do acordo que precisa ser construído."

Entenderam? Sim, eu, você e o mundo sempre soubemos que os EUA jamais abandonariam um aliado como Israel por meia dúzia de casas. Mas os imbecis acharam que isso aconteceria e levaria um atemorizado estado judeu a fazer concessões antes impensáveis. É no que dá abrir o uísque por conta na véspera.

Onze anos depois dessa vergonha, os dois patetas desembarcaram na Europa. Como "o cara" já havia até puxado uma cana, o objetivo agora era mais modesto, apenas zanzar por lá e fazer reuniões parecidas com as antigas, nas quais ele pudesse repetir suas platitudes frente a algum político se fingindo de interessado.

A agenda era limitada àquele pessoal que acha Cuba uma maravilha, relativamente raro por lá. Mas de repente aconteceu a coisa mágica: Macron o receberia!

Foi coisa de última hora, acertada quando alguém convenceu o francês a usar "o cara" para mostrar que naquele exótico país há quem concorde com sua ideia de que os estrangeiros devem administrar a floresta e o agronegócio local. É época de eleição por lá e isso pode render uns votinhos entre ecologistas e agricultores subsidiados.

"C'est le gars", para essas manipulações ele sempre serve. E nem é mentira, se puder dispor dela e pagarem bem, ele entrega mesmo a Amazônia. Quanto ao papel de idiota, ao sul do Equador tudo se inverte. Aqui ele é o espertalhão que continua a enganar os que escolheram ser otários.

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