quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A segurança a gente vê depois

Como era fácil mandar todo mundo ficar em casa e colher elogios dos "bem pensantes". A economia se veria depois, tudo se veria depois, o importante era salvar vidas e ser apontado como exemplo até no exterior, pelos amigos do vizinho Brasil. O problema é que as vidas não foram salvas e o depois chegou.

Estou escrevendo pelo que se lê na imprensa, que sempre pode estar um pouco distorcido. Mas, a poucos dias das eleições que renovarão metade da Câmara e um terço do Senado no próximo domingo, os argentinos parecem estar fartos da dupla Fernandez-Kirchner e de suas bobajadas tipicamente esquerdistas.

Uma das mais previsíveis consiste em tratar o crime como "problema social". O resultado todos podem imaginar: um aumento das teorias bobocas e dos discursos empolados enquanto policiais precisam empurrar carros parados por falta de combustível e os criminosos se tornam cada vez mais audaciosos e violentos.

A situação é mais crítica na capital e na província de Buenos Aires. Onde parece ter ocorrido um daqueles crimes que por algum motivo comovem mais as pessoas. Um kiosquero, dono de banca de jornal, foi assassinado por um bandido que havia sido solto pouco tempo antes. Um parágrafo do Clarín resume o sentimento popular e a fria reação governamental:

En la persiana baja del quiosco pegan este cartel: "A Roberto lo mató el Estado ausente". ¿Sensación de impunidad? No, realidad de impunidad. Pero la culpa es de la oposición que aprovecha cosas viejas y que pasan en todo el mundo para robarse votos justo ahora.

Mas Fernandez vai à luta quando lhe interessa. Há pouco, ele mandou seu embaixador e ex-chanceler defender, nos tribunais do Chile, a Jones Huala, militante Mapuche nascido na Argentina que se acha no direito de invadir propriedades e atacar quem quiser, uma espécie de Boulos de origem indígena que coloca em prática o que diz.

Como sempre, eles lutam com unhas e dentes pelos deles. Não importa o que tenham feito, Huala é Battisti, é Marighella, é da turma. Os outros que se lixem, são apenas peões no grande jogo em que eles devem se manter a qualquer custo no poder para levar, no futuro distante, a humanidade a um novo patamar.

A maioria dele se deixou seduzir pelo canto da sereia ao permitir o retorno dessa gente asquerosa ao poder. Acontece. Mas que o eleitorado argentino como um todo saiba lhes dar a devida resposta no próximo domingo.

Aproveitando a deixa

Como obra de ficção, Marighella, o filme, pode fazer de branco negro e inventar o que quiser, até aí está no seu direito. Mas e o Battisti? Não deveriam condenar por disseminação de fake news aqueles que sustentaram durante anos que ele não cometeu os crimes que acabou por confessar na Itália?

Luís Roberto Barroso, seu dedicado advogado, poderia nos dar algumas dicas sobre isso no próximo final de semana.


Imagem: O pai de Roberto Sabo abraça um neto.

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