domingo, 2 de novembro de 2025

Terror na Nigéria

Cerca de 100 mil pessoas assassinadas em pouco mais de uma década, agressões, sequestros, estupros, plantações e aldeias queimadas, multidões deslocadas. Essa é a situação dos cristãos na Nigéria, país que, com menos de 11% de nossa área, concentra uma população superior à brasileira (236 milhões de habitantes).

A Nigéria é dividida em termos de religião desde a época colonial. A maioria dos 51% de islâmicos vive nos estados do Norte e Nordeste. Os 45% de cristãos (11 católicos, 34  evangélicos) se concentram nos estados do Sul e Sudeste. Além deles, cerca de 3% dos nigerianos seguem os antigos ritos indígenas.

Os conflitos decorrentes dessas divisões se agravaram a partir de 1999, quando os 36 estados ganharam mais independência e 12 deles adotaram a sharia. Ao mesmo tempo em que costumes como a poligamia se tornavam legais, grupos como o Boko Haram, Estado Islâmico e a milícia Fulani ganharam poder e passaram a atacar os infiéis.

Barbaridades não faltam nessa jornada, nem provas delas. Ataques a igrejas lotadas não são incomuns e o fanatismo dos agressores parece cada vez maior. Recentemente, por exemplo, o Boko Haram filmou e divulgou a decapitação de quatro jovens cristãs sequestradas, uma delas irmã de um dos assassinos. 

Silêncio da mídia

Numa amostra do anticristianismo militante e doentio que domina a mídia ocidental, a perseguição aos cristãos na Nigéria (ou em outros países) não ganha manchetes indignadas e só é lembrada em ocasiões como agora, quando Trump ameaça atacar o país militarmente se o governo nigeriano não tomar providências adequadas. 

Dominados pela mesma agenda, organismos internacionais como a ONU tampouco se manifestam com a energia e a frequência que seriam necessárias. No entanto, este é um caso em que há uma real intenção genocida, um desejo de eliminar um grupo cultural que só não se concretiza pelo seu tamanho.

Precedentes

A atitude de Trump não deixa de recordar exemplos históricos que se sucedem desde que o islamismo surgiu e passou a se expandir agressivamente. Um deles as próprias cruzadas, iniciadas pelo Ocidente depois de décadas de ataques a peregrinos cristãos que se dirigiam à Terra Santa e acabavam mortos ou escravizados.

Séculos depois, os islâmicos que conquistaram o norte da África mantinham o hábito de atacar navios cristãos ou vilarejos litorâneos da Europa para capturar pessoas e vendê-las como escravas. Foi só no Congresso de Viena, em 1815, que os europeus decidiram dar um fim a essa prática.

Tunísia e Líbia acataram o ultimato e libertaram seus escravos. A Argélia resistiu até que, já em 1816, uma armada britânica bombardeou Argel e forçou um acordo pelo qual três mil escravos cristãos foram libertados de imediato. Ainda aconteceram alguns poucos ataques, mas tempos depois o problema estava encerrado. 


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