segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Cadê a festa?

Quase no mesmo dia, uma mulher ganha o Nobel da Paz e a guerra termina na Faixa de Gaza. Para saber como os defensores das mulheres e dos palestinos estavam se sentindo, resolvi dar uma olhada no X de nossa querida Nina Lemos, que devia estar exultante com sua dupla vitória.

Que nada! Sua última postagem foi para dar parabéns ao amigão Xico Sá, no dia 6. As duas anteriores se referiam à morte do advogado do Prerrogativas e incluíam sua crítica a quem diz que ele deu bobeira com o celular na mão, pois também é descuidada com isso e já foi "várias vezes" assaltada em São Paulo.

Aproveitei que era só dar um clique e fui espiar o X do Xico Sá. Mas foi a mesma coisa. Quando ele falava do Trump era para criticar sua política migratória, nada de devolução dos reféns ou final de "genocídio". E da Maria Corina só havia um link para um artigo do ICL que a acusava de atacar a fantástica democracia bolivariana. 

Foram só dois exemplares, mas a raça é toda assim. Eles defendem as conquistas femininas, mas desde que isso não atrapalhe um companheiro ditador do Foro de São Paulo. Se derramam de compaixão pelos palestinos, mas preferiam ter um motivo para justificar a barbárie do Hamas ou atacar Israel e Trump.

Jagunços

Você é um iraniano que veio para cá e acabou se tornando cidadão brasileiro, mas continua ligado ao país natal e fez uma crítica aos aiatolás na internet. Informado disso, um juiz do Irã decretou sua prisão e enviou um membro da Guarda Revolucionária para acompanhar seus passos no Brasil e, se possível, dar um jeito de lhe capturar.

Trocando Irã por Brasil e Brasil por EUA, foi mais ou menos o que aconteceu no caso da Flávia Magalhães, que abordamos dois meses atrás (aqui). Seu advogado finalmente conseguiu ter acesso ao processo aberto contra ela, e as novas informações são ainda mais estarrecedoras.

Não satisfeito em tratar opinião como crime e decretar a prisão de uma cidadã americana que se manifestou em solo americano, o ministro Moraes determinou que um agente da Polícia Federal acompanhasse os passos de Flávia em Fort Lauderdale.

Como o inquérito é sigiloso, o advogado não pode explicitar tudo e não ficou claro como esse agente poderia colaborar para a prisão de Flávia sem passar pelos canais normais, mas é fácil lembrar daquela conversa no TSE em que se levanta a possibilidade de mandar um jagunço capturar Allan dos Santos nos EUA.

Aí teria festa

A propósito, Flávia também é mulher. E emigrante pobre, nordestina etc., só precisava ser mais escurinha para se encaixar perfeitamente no perfil que babacas como Nina e Xico tanto dizem defender. Mas pode apostar que eles jamais a mencionarão. Se o fizessem seria, se o plano tivesse dado certo, para festejar a sua prisão.

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