"Podemos ter opiniões diferentes. Mas é muito importante ter um terreno comum se quisermos viver em paz", diz Irene Lanzaco, diretora-geral da AMI - Asociación de Medios de Información, entidade que congrega mais de 80 veículos de imprensa da Espanha - em entrevista à Folha de hoje.
Beleza, vamos então conversar lá no X ou no Instagram. Como? Lá não pode? Ah, entendi, é que as redes sociais "empurram os seres humanos a encontrar o que os torna diferentes e usa essa diferenciação como ferramenta de alienação".
O terreno comum de dona Irene é aquele em que ela e seus amigos falam sozinhos. E o que realmente a incomoda é que o dinheiro anda curto, pois "a imprensa precisa ser sustentável para realizar seu trabalho: fornecer informações precisas e responsáveis que ajudem a população a fazer escolhas informadas".
É como ela diz em seu recado aos brasileiros: "Prestem atenção à sua imprensa, assinem jornais, consumam notícias através de veículos profissionais e ajudem a mídia a ser sustentável. A sustentabilidade da imprensa é a sustentabilidade da democracia."
Sim, Irene (como as GloboNews da vida) representa a democracia. "Se a imprensa erodir, a democracia será devastada", afirma ela sem modéstia. E sem receio de apontar seus principais inimigos: as redes sociais, Donald Trump, os políticos populistas e, lá no fundo, o nazismo. É sério, veja:
O que acho assustador para a Europa e o mundo é que os populistas estão surgindo porque é muito fácil ouvir aqueles que gritam mais alto e têm uma bandeira que nos faz sentir medo. Quando você está com medo, tende a comprar soluções que acredita que vão protegê-lo. Há um livro maravilhoso, "O Medo à Liberdade", de Erich Fromm, que explica como isso foi parte da causa do surgimento do nazismo.
Em resumo, dona Irene quer nos salvar de nós mesmos, informando-nos corretamente mediante uma módica quantia. E que as redes sociais sejam bem reguladas e ajudem a sustentá-la, porque usam conteúdos jornalísticos sem custo algum.
Uma opção para o último problema seria colocar isso em lei, mas acho que ela já percebeu que as redes podem deixar de mencionar seu jornal e aí sim é que a audiência dele desaba. Por enquanto, a AMI preferiu ir à justiça para dizer à sociedade e aos anunciantes que eles estão colocando na Meta o dinheiro que deveria ser seu.
Essa parte eu não entendi bem, mas dona Irene está confiante, pois acredita piamente na justiça e não vê motivações políticas em juízes que condenam populistas como Marine Le Pen - ela poderia fazer amigos num tribunal de Brasília. A outra opção seria seguir seu caminho e esquecer de vez essas brigas:
Talvez devêssemos simplesmente voltar ao nosso DNA original e nos ater aos nossos princípios e responsabilidades: tentar ter os melhores sites de notícias que podemos oferecer ao público. E fazer campanha para que os leitores venham diretamente a eles para ler nosso conteúdo, porque realmente é o único lugar onde somos soberanos. Talvez as pessoas inteligentes voltem aos sites de notícias.
O rapaz da Folha poderia ter avisado que eles já tentaram coisas parecidas em campanhas de publicidade como a do Use Amarelo. Mas não deu certo, o número de inteligentes foi muito pequeno.

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