Da selva à selvageria. Como Greta, outros defensores da humanidade trocaram o cocar pelo xale axadrezado, deixaram a Amazônia de lado e abraçaram o Hamas, que chamam de "causa palestina". E como não poderia deixar de ser quando há músicos brasileiros envolvidos na história, já tem até musiquinha.
Eles não a cantaram todos juntos, como faziam quando defendiam o pulmão do mundo contra os incêndios que agora são naturais. Mas eu sei que existe uma, pois esses dias a manchete do jornal dizia: "Ivan Lins, que faz 80 anos hoje, lança música 'Menino de Gaza" e disco com nomes como Diogo Nogueira".
Quando ouço falar no Ivan Lins sempre lembro do dia em que comentei algo de passagem sobre o "importante compositor" (como diz agora o jornal) e meu filho, que às vezes sabe mais que eu sobre o que aconteceu nas décadas passadas, tascou um "não tenho a mínima ideia de quem seja".
Não perde nada, como nós sabemos. Mas eu li a notícia, Ivan está de cabelos brancos, porém com a mesma cara meio-bobo-meio-viado de sempre. Se diz feliz, como sempre. E deve estar fazendo o xarope adocicado musical de sempre. Só não posso garantir porque eu procurei a tal música nova e não encontrei nada.
Apelei até para a inteligência artificial, que saiu malandramente pela tangente: "A música 'Menino de Gaza' não é uma composição conhecida de Ivan Lins (...) É possível que você esteja se referindo a outra música ou artista, ou que a informação sobre a música 'Menino de Gaza' não esteja amplamente divulgada."
Acho isso uma sacanagem do Chico Buarque, Gilberto Gil, Emicida e outros. Cada um já assinou dois ou três abaixo-assinados pedindo o rompimento de relações com Israel, mas nenhum se deu ao trabalho de compor uma música que toque o coração das pessoas. Deviam pelo menos divulgar a do colega.
A não ser que... Sim, eles podem estar compondo uma nova obra-prima e não avisaram o Ivan. Ou talvez já a tenham feito, mas decidiram atualizá-la para contar uma história em que o menino de Gaza se apaixona pelos lindos olhos - a única parte que não é coberta pela burca - da menina de Teerã. Deve ser algo assim, vamos aguardar.
Perdeu a chance de conversar
Como a marcha era para Jesus, que era só um pouco menos honesto que ele, Lule mandou o Bessias para representá-lo. O enviado fez até um discurso, mas bem rápido e sem citar o nome do chefe, certamente para evitar os aplausos da multidão calculada em dois milhões de pessoas (34.156 segundo o Ortellado).
O próprio Lule disse que queria estar lá, mas "compromissos de governo" o impediram. Foi uma pena, seria uma oportunidade de ouro para conversar com os evangélicos, de preferência usando o seu xale do Hamas para defender a convivência pacífica entre os povos frente à multidão repleta de bandeiras de Israel.
Devia estar exausto, coitado, deve ser mesmo cansativo bancar o palhaço uma semana na França e a outra no Canadá. Mas ano que vem tem Marcha para Jesus de novo, Lule, se você ainda estiver por aí dê uma passadinha por lá.
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