domingo, 4 de maio de 2025

Re de retardado

Todos sabem como as meninas brincam de boneca. Após dar um nome ao seu bebê elas trocam sua roupinha, lhe dão banho, levam-no para passear, alimentam-no, cuidam dele quando está doente etc. Com os bebês reborn é a mesma coisa, com algumas pequenas diferenças.

Essas bonecas são ultrarrealistas, feitas em silicone para se aproximar o mais possível da textura humana, com dobrinhas típicas de bebê fofo e tudo o mais. Os modelos podem custar até 5 mil reais e alguns realizam também movimentos robóticos como levar a mãozinha à boca a intervalos regulares.

Outra diferença importante é que eles nascem. Você não os encontra em lojas, mas em "maternidades reborn", algumas das quais oferecem a experiência completa: a futura mamãe se interna com um barrigão falso e passa por uma simulação de parto, filmando-o se assim desejar. 

Ops, meninas pequenas simulando gravidez e parto, que absurdo é esse? Calma, não precisa ligar para o conselho tutelar, o que mais separa os bebês reborn das bonecas do passado é que suas mães são mulheres adultas que, dentro do possível, parecem estar em pleno gozo de suas faculdades mentais.

Não tenho ideia de quantos bebês reborn existem por aí, ainda não inventaram um cartório reborn para registrá-los. Mas se há maternidades deles abrindo é porque o mercado está crescendo. Basta digitar as palavras no Youtube para ver quantas opções aparecem em termos de maternidades e mães orgulhosas.

Os títulos escolhidos pelas mamães são sugestivos: "acompanhe a rotina da bebê reborn Júlia", "veja o banho do bebê reborn fulano" e por aí afora. E tem quem assista, uma moça obteve inacreditáveis 116 milhões de visualizações ao filmar o parto de seus gêmeos reborn.

Cliquei num dos títulos e uma jovem senhora com cara e voz de mãezinha delicada dizia que ela e o marido mudaram para Campinas para cuidar melhor do filhinho reborn e pedia doações para as suas próximas cirurgias, pois lhe faltava o nariz e um olho. Pode ser picaretagem, é claro, mas o pior é que parecia sincero

Fiquei sabendo de tudo isso após ler um artigo em que Tati Bernardi, colunista da Folha, dizia que não aguentava mais os amigos lhe enviando notícia de um chá de revelação reborn ou um mesversário reborn. Imagino que no meio em que essa gente vive, em plena bolha woke, o tema deve estar bombando.

Não duvido que logo apareçam movimentos garantindo que existem bebês reborn trans e outras variações dessa agenda. Só o que eu esperava e não vi, nem a Tati destacou, foram bebês reborn com mães trans, esse público talvez ainda não tenha percebido essa possibilidade.

Bom, ainda bem. Já pensou a angústia que estaria agora vivendo a criatura que não pôde ir ao show da Lady Gaga porque não tinha quem desse banho e papinha para o bebê reborn em sua ausência?

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