De todos os golpes experimentados pelo Brasil, nenhum se compara ao desfechado contra a inteligência coletiva no século 21. Foi na política com a proeminência concedida a um semianalfabeto corrupto, foi na música popular com letras e rimas cada vez piores, foi na ABL entregue a intelectuais de araque... e foi no jornalismo.
De uns tempos para cá, boa parte das matérias de nossos jornalões parece ter sido escrita por débeis mentais, outra parte para débeis mentais. E é evidente que o jornal da Rede Globo ocupa lugar de destaque nessa parada de insucessos.
Aos fatos. Nunca, em nenhum momento, alguém pretendeu que a maioria dos manifestantes daquele 8 de janeiro era de "velhinhas com Bíblia na mão". O que se buscava salientar ao usar essa expressão era a ausência de risco representada por um grupo de pessoas que tinha ATÉ as tais velhinhas.
Débora não é velha e carregava um batom, Clezão era um quarentão e só estava armado do seu direito de protestar contra o grupelho que confessou com orgulho que "nós derrotamos o bolsonarismo". Esse pessoal era tão inofensivo que no meio dele existiam ATÉ MESMO velhinhas com Bíblia na mão.
Isso é algo que sempre esteve claro para alguém minimamente inteligente. Pois o jornal dos Marinho se deu ao trabalho de estudar o perfil dos manifestantes "ao longo dos últimos dois meses" (!) para anunciar, na edição de ontem, que "análise de 1.586 processos desqualifica a ideia de que 'velhinhas carregando a Bíblia' eram maioria".
Como diria a Chiquinha, deve ser as duas coisas: por e para débeis mentais.
Os dados
A parte interessante da reportagem é aquela em que seus autores deixam as interpretações de lado para apresentar alguns dados do levantamento.
Supondo que estes estão corretos, podemos dizer, por exemplo, que a maioria (não sabemos de quanto, pois o jornal não forneceu percentuais neste caso) dos presentes era formada por homens brancos e casados, que não tinham nível universitário e ganhavam até R$ 3 mil por mês.
210 manifestantes eram filiados a partidos políticos. Uma maioria de 90 ao PL, 105 a diversos outros... e 15 ao PT! Estariam aí os infiltrados que deram início à quebradeira? Creio que não, deve ser um pessoal que se filiou ao PT no passado distante e não se desfiliou após descobrir que havia sido enganado pelos bandidos.
43,2% dos presos eram autônomos, 11,6% eram CLT, 18,7% se diziam desempregados e 3,3% aposentados - a soma dá 76,8%, mas lembre do que falamos acima, não se pode exigir demais.
9% dos envolvidos tinham 60 anos ou mais e 36,88% estavam entre 45 e 54 anos. Estimando os percentuais dos que estavam nas faixas 40-44 e 55-59 fica evidente que estamos falando de pessoas que já haviam perdido a agilidade da juventude e teriam especial dificuldade para consumar as ações violentas que são acusadas de tentar.
Os números estão como saíram no jornal, com uma, duas ou nenhuma casa decimal. Dentre os 9% de idosos estão os 1,21% com 65 anos ou mais. Não se sabe quantos destes eram do sexo feminino e carregavam Bíblias na mão.
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