"Todo riram quando eu me sentei para tocar", diz o cabeçalho da antiga propaganda americana que continua contando a história nas letras menores. Uns de imediato, outros depois, os risos foram sendo substituídos pelo espanto, pela admiração e pelos entusiasmados aplausos finais. Matricule-se também no curso de piano Xpto.
Trocando os aplausos pelo pavor, é mais ou menos isso o que acontece com os militantes de redação que observam o trabalho de pessoas como Eduardo Bolsonaro e os jornalistas exilados. No início eles zombavam, chegaram a dizer que nem para a festa de posse de Trump os haviam convidado; agora estão assustados.
Tentando reagir, alguns se autoconsolam com a ideia de que o trem que partiu pode acabar atropelando quem contribuiu para colocá-lo em movimento. E os alertas advindos desses pensamentos desejosos se sucedem.
Um deles é que essas ações não evitarão que Bolsonaro seja julgado pelo STF e podem fazer com que este se torne mais duro com o réu. Ou seja, eles confessam que nossos ministros não são pautados exclusivamente pela lei. E querem que acreditemos que é só agora que o julgamento se tornará parcial.
Outro efeito contrário seria o aumento de popularidade dos ministros "atacados" pelos estrangeiros. Na Folha de ontem chegaram a dizer que nomes como Flavio Dino e Alexandre de Moraes poderiam concorrer inclusive à presidência no próximo ano. Cuidado, bolsonaristas, vocês podem estar criando um portento eleitoral!
Sem chegar a tais exageros, Merdal adotou o mesmo raciocínio na GloboNews. Segundo o acadêmico, a agressão de uma potência estrangeira às nossas instituições faria com que os petistas se tornassem subitamente patriotas e recuperassem o hino, a camiseta e a bandeira "sequestrados" (sic) pelo bolsonarismo.
Como "o patriotismo é o último refúgio do canalha", não é de duvidar que eles ainda tentem usar essa carta. Sifrônio pode lançar uma campanha na TV, MAVs podem ser acionados na internet, é para isso que eles pagam esse pessoal. A questão, como sempre, será convencer o distinto público.
O cidadão comum, que nem pela Seleção se empolga como antes, teria que associar o Brasil ao desmoralizado STF e tomar as dores deste. O sujeito que está com dificuldade para comprar café sairia às ruas enrolado na bandeira para defender alguns arrogantes que levam vidas nababescas às suas custas? Parece muito difícil.
Numa possível escalada de tensões, medidas mais sérias poderiam prejudicar nossa economia e o governo poderia seguir o exemplo cubano e se escorar no boicote para justificar seus problemas? Poderia tentar, mas pareceria outra desculpa furada. Seria mais fácil o povo se revoltar contra o governo.
E estamos falando do cidadão comum. Quando se trata dos petistas nem precisamos nos preocupar. Eles pegaram tal horror da bandeira nacional e da camiseta da Seleção que mal conseguem ficar perto delas. Após certo ponto de canalhice nem o falso patriotismo resolve mais.
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