O erro fatal do inquérito da PF, da denúncia da PGR e da provável sentença da Primeira Turma do STF é desesperadamente simples, e por isso mesmo coloca os acusadores em crise de nervos: não há nenhuma prova material, com um mínimo de seriedade, de que Bolsonaro, praticou os crimes de que é acusado.
Quando JR Guzzo escreveu as palavras acima ainda não se contestava a delação do Mauro Cid em si, apenas se lembrava o que era dito quando a lei da delação foi criada e repetido nos julgamentos da Lava Jato: como o delator pode estar mentindo, a delação só é válida se for depois suportada por provas consistentes.
Mas o problema, descobriríamos logo, não era só a falta de provas. Os vídeos da delação foram liberados e mostraram que ela contém dois vícios insanáveis: não foi voluntária, mas obtida sob ameaça; foi direcionada, seus temas foram induzidos pelo juiz que fazia o papel de investigador. Só isso seria suficiente para anulá-la.
Claro que para descartá-la seria necessário uma PGR imparcial, não esta que acrescenta "crimes" por conta própria e, na vertente do "golpe" das velhinhas com Bíblia, acusa Bolsonaro (que já nem era presidente) de não ter impedido a manifestação. Do mesmo modo, nada se espera de uma Primeira Turma quase inteiramente petista.
Esperava-se, no entanto, uma certa circunspecção do autodenominado "consórcio", um pouco de fingimento. Na Folha você até encontra isso. No Ex-tadão um pouco menos, embora o próprio Guzzo escreva ali. Mas nos veículos da Globo o cinismo é completo, os seus profissionais (isso eles são) chegam ao ponto de mostrar uma coisa e dizer que estão vendo outra, seu jornalismo foi transformado de vez em ficção.
Punhal Verde e Amarelo
E o plano para assassinar Lule, Xuxu e Xandão? Se existiu, ele nunca foi levado à frente, mas nossos precogs garantem que pensar no assunto já configura uma tentativa e resta saber como eles concluíram que Bozo sabia de tudo. Segundo a imprensa, existem três "provas", todas ligadas ao autor do plano, o general Mario Fernandes.
9/11/24 - O general, que criou o plano mas não o lembrava de cabeça, estava de posse do "esboço criminoso" e o imprimiu no Planalto 39 minutos antes de entrar no Alvorada, onde estava Bolsonaro.
Como se sabe que ele estava de posse do plano? Ele usou a impressora, mas quem garante que imprimiu o plano? Se o imprimiu pode ter sido por outro motivos, quem prova que o mostrou a Bolsonaro e que este concordou em levá-lo à frente?
6/12/24 - Tudo se repete, o general estava no Planalto, usou a impressa etc. A única diferença é que o próprio Bolsonaro estava no Planalto.
As perguntas também se repetem.
9/12/24 - O general enviou um áudio a Mauro Cid, elogiando Bolsonaro por ter "aceitado o nosso assessoramento".
Putz, o general era secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência, se reunia com o presidente a toda hora por mil motivos. Como se sabe que essa mensagem se refere ao plano que não foi nem mesmo tentado, que não se pode comprovar que ele imprimiu e, na hipótese de ter impresso, mostrou a Bolsonaro?
No mundo normal não se pode, mas o superprecog Gonet garante que a prova é cabal. Em IA nós não somos grande coisa, mas, tanto para condenar sem provas como para absolver com provas, ninguém nos bate em termos de adivinhar intenções.
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