terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Eles continuam sem conversar

Precisamos falar sobre os números deles. De acordo com a projeção da Mar Asset Management publicada ontem no O Globo, os evangélicos, apresentados como "um dos pilares do bolsonarismo", continuam crescendo a quase 1% ao ano e constituirão 35,8% da população (e dos eleitores) em 2026.

Qual é exatamente a dimensão deste pilar? Bem, na última eleição a imprensa esforçou-se para dizer que Lule não era Taxad e estava se saindo melhor que ele no segmento. E nós ficamos esperando para ver o que diriam as pesquisas de boca de urna, que são as mais confiáveis, mas elas nunca vieram.

Tampouco na véspera da eleição tivemos esse dado, pois as pesquisas publicadas falavam apenas dos números gerais. No entanto, o Datafolha levantou esse número e a Mar Asset o encontrou. E adivinhe só, o molusco ficou exatamente no patamar alcançado por seu capanga na eleição anterior.

Nas duas eleições vencidas pela Juju, os evangélicos se dividiram meio a meio entre ela e o tucano da ocasião. A balança passou a pesar para um lado com Bolsonaro, abraçado pelos pastores e fiéis evangélicos por motivos que todos sabemos. Ele venceu o auxiliar por 69x31 em 2018 e confirmou o placar contra o chefe em 2022. 

69% de 35,8% dá 24,7. Considerando que o apoio será o mesmo, um quarto do eleitorado estaria garantido para Bolsonaro ou quem ele indicar em 2026. Talvez até um pouco mais porque o percentual tende a ultrapassar os 70% conforme o desgoverno desmorona e um grande chamado dos pastores pode diminuir a abstenção do segmento.

Há risco de não ser assim? No momento nenhum. Bolsonaro conseguiu reunir o eleitor que votava nos tucanos porque não queria estatismo e corrupção ao pessoal do trio BBB (Bíblia, boi e bala), que já votava bastante nos tucanos, mas era tratado com nojinho por eles. O mais organizado destes grupos é o dos evangélicos, que mais à frente poderá seguir no poder sem Bolsonaro, mas hoje entende seu valor como catalizador. 

Quem não entendeu foi a elite socialista (obrigado Gordão do Ancapsu) que desprezou as evidências em contrário e insistiu em ver Bolsonaro como um novo Collor, um fenômeno passageiro que uma vez retirado seria esquecido pela população. Agora está descobrindo que o homem tem aliados poderosos até no exterior.

Quem também não entende são os que pensam que um engomadinho falando em diminuição do estado e punição a corruptos herdaria os votos de Bolsonaro e ainda levaria o de "direitistas" como eles. Não herda nem metade, embora seja difícil explicar isso para quem pensa que o Brasil é uma extensão do play do seu condomínio. 

Então é isso, continuamos no rumo que nos levará ao tempo dos evangélicos no poder. Se der agora, como um dos integrantes mais fortes do bolsonarismo. Se ficar para mais à frente, como os condutores da aliança.


Outro dado da reportagem diz respeito à distribuição geográfica dos evangélicos. Eles são 48% da população na região Norte, 43% na Centro-Oeste, 38% na Sudeste, 31% no Sul e 29% no Nordeste. Aqui também, o maior problema está no Nordeste. 


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