quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

E o prêmio vai para...

As inscrições continuam abertas, mas já se sabe que o Oscar Semanal do Ridículo será bastante disputado. Quando tudo parecia meio morno e se pensava que o troféu voltaria a ser conquistado por alguma nova imbecilidade do descondenado, eis que surgem no mesmo dia dois fortíssimos concorrentes.

Um deles é Nota do Itamaraty, curta-metragem bem curtinho mesmo, feito para encostar nos caras e voltar correndo antes que eles percebam que não foi uma mosquinha que pousou em sua manga e decidam reagir. Destinada a mostrar ação a uma bolha interna, a produção abusou dos clichês utilizados neste pequeno universo.

Num roteiro digno de blogueiro da GloboNews, você vai da babaquice da "desinformação" à tentativa de atribuir a perseguição ditatorial a um alegado "golpe". Mas seu tema principal é a inversão dos fatos. Foi o ministro brasuca quem tentou dar ordens no exterior; em Nota, porém, são os gringos que vêm aqui e não querem obedecer nossas leis. 

A produção concorre também nas categorias Vergonha da Diplomacia e Inutilidade Absoluta. O que aumenta significativamente suas chances de conquistar um troféu, pois o preferido para vencer a briga do Ridículo continua sendo Ainda Estou Aqui (E Não Quero Sair).

Baseado no romance As Uvas Estão Verdes, Não Quero Sair fala do amor de um grupo de ministros por sua terra natal. Eles poderiam flanar por aí, voando de um continente para o outro para falar dos problemas do país a brasileiros que viajaram com eles. Mas não querem, eles não sentem nenhuma vontade de andar pelo exterior. 

A parte da história divulgada pela imprensa se concentra em um ministro e nos EUA, mas nossas fontes asseguram que a trama vai envolvendo seus colegas e outros países, num crescendo que culmina num final emocionante. Mas não vamos falar sobre isso agora para não dar spoiler. 

Oscar da Ironia 

Também temos excelentes chances nessa categoria. Veja só que história. Para atingir Xandão, os americanos tiveram a moleza de começar por uma parte muito fácil, aproveitando-se de sua tentativa de se meter em seu país para perseguir cidadãos norte-americanos ou estrangeiros que lá estão regularmente.

Quem são esses cidadãos e estrangeiros regulares? São pessoas basicamente inofensivas como Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Allan dos Santos. Se Xandão os tivesse deixado para lá, não perderia nada e seria mais difícil atacá-lo. Mas não, com aquela ânsia de quem não quer soltar nem a moça que rabiscou a estátua, ele tinha que bloquear sua contas em sites do exterior, tentar prendê-los etc.

Esse é o roteiro de Atravessei o Continente para Pisar na Casca de Banana, o mais irônico dos filmes atualmente em cartaz. Já ganhou fácil o Oscar da Semana. E se tudo correr mais ou menos como se espera, ainda vai amealhar muitos prêmios.


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