segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Agora são as crianças

É de pequenino que se torce o pepino. Seguindo essa máxima, o STF resolveu agir preventivamente e atacar a "desinformação" que assola o país na origem, através de uma cartilha em que nossas crianças serão ensinadas a "respeitar a democracia", "combater a homofobia" e outras coisas bacanas e sensacionais.

Seguindo o padrão de obras do gênero, um grupo de crianças representativas de nossa diversidade racial começa a fazer perguntas de adulto e se dirige ao STF, onde acaba por obter respostas infantis de dois personagens subitamente animados: a estátua da Justiça, que se apresenta como a deusa grega Têmis, e o livrinho da Constituição.

"Uma aventura com a Constituição" é justamente o nome da palhaçada sobre a qual a Gazeta do Povo de hoje oferece mais detalhes. O jornal não conseguiu descobrir como os autores do projeto pretendem levar seu trabalho a todos os estudantes do Brasil, mas parece evidente que essa é a intenção.

Em meio à defesa dos povos indígenas e o combate aos preconceitos, merece destaque a explicação da cartilha sobre a separação dos poderes: o Legislativo faz as leis, o Executivo as executa e o Judiciário verifica se elas são cumpridas. E quem disser que um deles não cumpre seu papel estará espalhando desinformação, podemos supor.

Comerciais de TV dirigidos a adolescentes, livrinhos para crianças... É interessante verificar como o STF e seu puxadinho TSE sentem a necessidade de fazer propaganda de si mesmos junto a públicos mais ingênuos e através de meios em que não possam ser diretamente contestados. 

Porém o efeito final desse tipo de doutrinação é praticamente nulo, talvez até negativo, principalmente nos dias de hoje. A criança pode acreditar que tudo que leu é verdade, mas bastam algumas postagens numa rede social para o adolescente entender que foi enganado por gente que não faz o que prega.

Restam assim as perguntas de sempre: Quanto nos custa tudo isso? Como esses órgãos, que já gastam muito mais que seus similares em outros países, podem ter gente e recursos sobrando para essas coisas? Por que ele não se limitam a tentar realizar corretamente seu trabalho? 

E aquela pergunta meio pessoal: Que cor de batom Têmis prefere?   


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