Se fosse o incêndio do Reichstag seria mais ou menos como os nazistas dizerem que descobriram outra sala queimada dois anos depois. Bem, talvez eles não tenham feito isso porque não precisaram. Mas se ainda não tivessem subjugado totalmente o país, não é de duvidar que tentassem.
A primeira coisa que chama a atenção no plano maléfico 451 é esse prazo. Como a rigorosa investigação deixou passar tudo antes? Como só foi descobrir tanto tempo depois? E não digam que eles já sabiam porque alguns dos acusados de planejar a morte de autoridades estavam fazendo a segurança de autoridades dias atrás.
Outro detalhe envolve a criatividade dos investigadores. Eles lembram os caras da chamada era romântica da arqueologia, que, encontrando uma inscrição em cerâmica aqui e a ruína de um palácio ali, preenchiam as imensas lacunas com suas ideias preconcebidas e construíam a história completa de uma civilização.
"Estou a postos" podia se tornar "estou a postos para..." e aí o estudioso completava a frase com o que achava mais conveniente, incluía os sacerdotes e o rei na história, conectava-a com as que contou anteriormente etc. Depois era só convencer parte da imprensa a divulgar a fantasia escandalosamente.
Ação e intenção
"Principal questão colocada é por que a ação foi abortada", diz um dos artigos do Ex-tadão de hoje. O que é um absurdo em termos de possível penalização de alguém (tema do artigo), pois a principal questão é que, como a própria frase revela, não houve ação alguma.
Um pequeno grupo pode ter pensado seriamente em cometer os assassinatos, como dizem hoje? Não há nenhuma prova concreta disso, mas é evidente que pode. No entanto, mesmo nessa hipótese, pensar em cometer um crime só é passível de punição no Minority Report, não na legislação brasileira.
Pior que isso é querer vincular o pequeno grupo a um enorme complô que vai da moça que escreveu com batom na estátua ao sujeito dos fogos de artifício. Passando, é óbvio, pelo presidente que se recusou a decretar estado de emergência apesar da pilantragem que sofreu - confessada abertamente no "nós derrotamos..." do Barroso.
E muito pior é juntar essa barafunda toda e tentar utilizá-la para justificar as ilegalidades cometidas por alguns tribunais, aumentar a censura do país e transformá-lo numa ditadura completa. Dessa intenção sim há provas, existem ações. A sala pode ter queimado ou não, mas os nazistas são reais.
Coincidências
É muito estranho essa história ter surgido agora, logo depois do sujeito ter se explodido em Brasília. Tudo indica que ela estava pronta para ser usada em algum momento e talvez o episódio do "bestão" tenha sido visto apenas como uma deixa conveniente. Mas dá para voltar a pensar que o manipularam para fazer o que fez.
A outra coincidência deve ser só acaso mesmo. Não podemos acreditar que tenham pensado em desmoralizar os Kids Pretos perto do Dia da Consciência Negra de propósito.
Mas por via das dúvidas é melhor perguntar a opinião do Vini Jr., que ontem, em entrevista ao SporTV, declarou que suas realizações incluem a defesa dos que não têm voz e a prisão de algumas pessoas. Não vi mais porque mudei de canal, mas talvez ele também falado de jogar futebol e bater pênaltis.
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