Os prefeitos eram nomeados pelo rei e um tipo como o Boulos seria chicoteado e enviado para as galés, mas, ao contrário do que se pensava, no século 17 já havia europeus apreciando aquele produto que o atual candidato à prefeiture de Sampe jura nunca ter experimentado.
A análise do tecido cerebral de dois indivíduos mumificados desde o século 17, encontrados nas dependências do cemitério ligado a um hospital de Milão, revelou evidências do uso de cocaína, colocando em dúvida tudo o que se pensava sobre o comércio transatlântico e o uso de drogas naquela época.
As questões começam pelas próprias múmias, que teriam ingerido a substância pouco antes de morrer. Como os registros do hospital não a mencionam entre seus medicamentos (séculos depois, médicos como o Dr. Freud a receitavam aos abatidos), existe a possibilidade deles a terem utilizado para fins recreativos.
Nesta última opção, eles não devem ter tido o primeiro contato com a coisa no hospital. Existiria um grupo de doidões aprontando na cidade naqueles loucos anos 1600? Ou uma coisa está mais ligada à outra do que parece e os dois morreram justamente de overdose? Precisamos aguardar as investigações.
Cheirock
Falando em investigação, duzentos e poucos anos depois dos mumificados baterem as botas, Conan Doyle iniciou O Signo dos Quatro com uma cena em que o detetive Sherlock Holmes prepara e toma uma injeção de cocaína. Watson, que é médico, diz que aquilo pode fazer mal, mas Holmes responde que estimula seu raciocínio.
O final do livro volta ao tema. O Dr. Watson lamenta que o amigo não tenha ganhado nada enquanto ele vai casar com a moça adorável que eles conheceram durante o caso e outros obtiveram vantagens diversas. Mas Holmes dá de ombros e termina dizendo algo como: "Quanto a mim, fico com a minha cocaína."
Ainda se encontrava versões com esse texto na época do regime militar. No período democrático, entretanto, alguém deve ter decidido que isso passava a mensagem de que cocaína era algo bacana e corrigiu a desinformação do autor, trocando cocaína por violino. "Quanto a mim, fico com meu violino", dizem as versões atuais.
Vícios
Assim, se pensava que a coca começou a ser usada na Europa há menos de 200 anos e vimos que pode ser o dobro disso. Mas, como prova a história do Sherlock, a coitada não foi páreo para o vício, muito mais antigo e perigoso, de controlar o que os outros dizem para "proteger" a democracia, as pessoas de si mesmas ou seja lá o que for.
O problema é que esse vício só é reconhecido quando o viciado conquista algum poder e se torna difícil interná-lo contra a vontade para lhe dar um tratamento adequado. Pelo contrário, ele é que quer internar os normais. Precisamos aprender a detectar prematuramente esse problema que tanto mal causa à sociedade.
E o cachimbo?
Curiosamente, até hoje não implicaram com o cachimbo do Sherlock. Acho que é porque ele não tem a mesma fama de antes e muitos só o conhecem em versões cinematográficas em que largou o hábito. Mas não se espante se novas edições o mostrarem chupando um pirulito.
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