Limitados às antigas conquistas do futebol, muitos saudosistas não estão prestando atenção ao fato de que o Brasil voltou a ser referência para o mundo em outras áreas. É pena que nenhuma delas seja positiva, mas Pelé e Garrincha que se lixem, o importante é lembrarem de nossa existência e nos usarem como exemplo.
Pense numa eleição cujo resultado não pode ser auditado. Países como Butão e Bangladesh não contam, pois se espera que eles sejam mesmo exóticos. Em que nação ocidental você pode poderia encontrar algo parecido com o que nós temos por aqui em escala nacional? Não existe.
Imagine ainda que o juiz responsável pela fiscalização de um sistema eleitoral inauditável como o nosso apareceu numa festa dos radicais que foram declarados vencedores e gritou com orgulho que "nós derrotamos os adversários". Impossível, não é mesmo? Mas não aqui.
E os eleitos? Em que lugar você verá um presidiário condenado por unanimidade em três instâncias ser retirado da prisão e praticamente colocado na presidência por juízes como o acima citado, que o próprio expre ou seus asseclas escolheram com base em critérios políticos? Nem na Venezuela essas coisas acontecem.
Mas esses casos são tão flagrantemente absurdos que não têm chance de prosperar em países medianamente civilizados. Onde nosso (péssimo) exemplo se torna realmente importante é naquela zona cinzenta em que o mal tenta se implantar sub-repticiamente, aos pouquinhos, se disfarçando de bem.
Muitos riram em março último, quando deputados brasileiros se dirigiram aos EUA para denunciar o avanço da censura e das perseguições e prisões políticas em nosso país. Não vai dar em nada, debocharam os que se regozijam com a opressão, pois os gringos não estão nem aí pra nós.
Mas eles foram acolhidos por políticos republicanos e entrevistados por defensores da livre expressão como Tucker Carlson. E nessas conversas se podia perceber o interesse por usar nosso caso com fins eleitorais, como exemplo do mal que a sanha autoritária da esquerda pode fazer a um país.
Confirmando essa impressão, temos hoje, mais próximo da eleição dos EUA, o embate direto entre Elon Musk e o grande representante do autoritarismo entre nós. Parece uma briga pessoal, e não deixa de ser uma, mas o defensor da liberdade tem absoluta clareza de que nós somos um exemplo do que a esquerda quer fazer em escala global.
"Vai acontecer na América também se Kamala/Walz chegarem ao poder" e "Todos precisam acordar. Sim, isso pode acontecer aqui também" são frases encontradas nos últimos tuítes de Musk que não servem apenas para os Estados Unidos, mas igualmente para a Europa, onde a ameaça à liberdade talvez seja ainda maior.
Assim, somos mesmo um exemplo para o Ocidente. Somos ridículos, nossa tragédia está repleta de personagens e argumentos caricatos, que só verdadeiros imbecis podem levar a sério. Mas não devemos reclamar, para um exemplo negativo isso tudo até é bom.
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