terça-feira, 6 de agosto de 2024

Fraudadora faz o V


Todo mundo de olho no Maduro e quem caiu foi outra fraudadora de eleições. Sheikh Hasina, primeira-ministra de Bangladesh desde 2009, quando voltou ao poder após exercê-lo de 1996 a 2001 e ser posteriormente presa por corrupção, fez o V de "vazou" e fugiu de helicóptero para a Índia.

Nossa prestimosa imprensa já havia informado que o pessoal de lá estava protestando contra o retorno de uma lei que reservava um terço dos empregos públicos para descendentes dos veteranos da guerra de independência contra o Paquistão, que ocorreu em 1971. E isso é verdade, mas...

Faltou enfatizar que a onda de protestos deixou mais de 300 mortos. Ou que cortaram a internet do país para tentar pará-la, mas sem sucesso. Ou, principalmente, que por trás de tudo havia a revolta contra as sucessivas fraudes eleitorais da tiazona.

Para dar uma ideia do tamanho desse sentimento, a eleição do ano passado foi boicotada pela oposição e quase ninguém (menos de 30% do eleitorado) compareceu às urnas. Urnas em sua imensa maioria eletrônicas e sem voto impresso, pois Bangladesh é um dos poucos países que utiliza esse sistema em larga escala.

Outros usam, como diz sucinta e malandramente o site do TSE, mas como rara exceção e de modo complementar, jamais como norma. O que é óbvio, pois todos sabem que a programação das urnas (ou de algumas delas) pode ser alterada sem deixar rastros e se torna impossível auditar o resultado final.

Num distrito da Suécia pode funcionar, num país de terceiro mundo com uma corrupta chefiando corruptos tende a virar baderna. Não é por acaso que o modelo não pegou nas vizinhanças de Bangladesh. A Índia e o Paquistão chegaram a usá-lo, mas hoje imprimem o voto para evitar a fraude perfeita.

Perto dali, só o minúsculo reino do Butão, último e distante herdeiro do sistema tibetano de duplo governo (teocrático e civil), tem fé suficiente para confiar em quem controla o somatório eletrônico sem comprovação. No mundo inteiro, só mais outro.

Com a fuga de Sheikh Hasina, quem manda agora em Bangladesh é um governo interino formado por militares que prometem deixar o poder assim que acertarem uma regra de transição. Que acertem também o problema das urnas, ninguém merece ficar à mercê de desonestos que fraudam eleições.

Tufão de 1970

Um dos países mais populosos do mundo, Bangladesh era conhecido como um dos mais miseráveis quando ainda se chamava Paquistão Oriental e se via praticamente colonizado pelo Ocidental, que retirava suas riquezas e queria impor até a língua e o alfabeto que seus habitantes deveriam usar.

Foi nessa época que um gigantesco ciclone atingiu o país e o lado indiano do Golfo de Bengala, arrasando vilarejos e plantações além de matar quase meio milhão de pessoas. Hoje culpariam o "aquecimento global", mas em 1970 a moda era a breve chegada da "nova era glacial". Até no clima do planeta os fraudadores querem se meter.


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