sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Correr no Minhocão e outras alegrias

Correr no Minhocão é a alegria da Tabata. Mas ela também corre na periferia onde mora, junto do pessoal da igreja que frequenta, em meio a ratos e drogados. E correu a cidade toda com o pai cobrador de ônibus - como sabemos, é comum os cobradores levarem a filhinha no banco ao lado quando vão trabalhar.

Vai ver que foi assim que eles se conheceram. O bilionário estava indo pra casa depois de mais um dia de golpes no mercado financeiro, pegou o ônibus lotado, começou a conversar com aquela menininha bonitinha e decidiu patrocinar sua carreira política. Infelizmente ela não tocou nesse assunto, mas pode ser.

O certo é que a "adolescente" foi surrada no começo e deixada de lado depois. No final, falando groselhas ou falando sozinha, a autodenominada candidata das mulheres até que foi bem, pareceu (como tenta parecer) séria, interessada, do bem. Cavou um espacinho, mas não deve chegar ao segundo turno.

Mal foi o Datena, o único que não invocou a origem pobre ou se disse morador da periferia. Balbuciante, perdido naquela que deveria ser sua praia, passou parte do debate fazendo dobradinha com o Boulos e outra parte tentando negar que estava ali pra isso. É sina do PSDB, virou auxiliar da extrema esquerda.

Muito conhecido, ele pode ter uma votação razoável numa eleição sem estrelas, mas também não deve passar do primeiro turno. A briga ficará mesmo entre os outros três, com mais chances, na minha opinião, para o Nunes.

Como esperado, o atual prefeito e líder das pesquisas foi quem mais apanhou. Mas acho que ele se saiu relativamente bem, principalmente quando tentou mostrar os contendores como falastrões que não têm noção do que é administrar alguma coisa na esfera pública.

Boulos procurou terceirizar essa experiência ao dizer que sua vice é a Marta. E de resto foi aquilo que se sabe: quando interessa é filho de um casal de médicos, quando interessa vive na periferia, desconversa quando falam do Janones, foge quando o assunto é seu apoio ao Hamas ou ao Maduro...

Tem a vantagem de começar com o voto ideológico da esquerda, restando-lhe lutar para conquistar quem está fora do nicho. Me chamou a atenção que ele foi repaginado, tanto no visual como nos gestos está menos parecido com o Molusco do que nunca. Mas não sei se parecer um político "normal" é bom pra ele, creio que não.

A incógnita da eleição é o Marçal. Rebateu a experiência administrativa do Nunes com seu sucesso como empresário. E como bom coach que é, foi o único que verdadeiramente vendeu esperança, dizendo que fará uma revolução no ensino e ensinará o filho do pobre a seguir seu caminho.

A seu favor, é hoje o mais criticado pela imprensa. Dizem, com razão, que ele foi muito agressivo. Mas o que deve tê-los incomodado foi sua acusação, reiterada com gestos, de que Boulos é apreciador de "açúcar". Se fosse uma calúnia sem sentido, estariam todos salientando o fato e falando em processo. Como não estão...

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