Assisti a um pedaço da abertura dos Jogos Olímpicos, do quarto final da apresentação dos atletas ao show de luzes da Torre Eiffel. Coisas como os discursos e o hasteamento da bandeira (de cabeça para baixo, acontece) foram protocolares, mas acho que deu para pegar um exemplo do pior e do melhor.
O pior foram as aberrações fazendo "performances" em cima de uma ponte. Desnecessário, pois ninguém duvida que a França é tolerante com os LGBTXYZ, o espetáculo ficou totalmente deslocado numa área como a esportiva, em que é indispensável fazer uma distinção clara entre os dois sexos e muitas atletas enfrentam a concorrência desleal de homens fantasiados de mulher.
Sei que as figuras da ponte chegaram a encenar uma Santa Ceia, que é uma pintura e pode entrar na categoria de arte, mas não deixa de ser uma referência religiosa. Se era para parecer atrevido e iconoclasta, surge a pergunta de sempre: por que a França tão islamizada também não zoou algo equivalente para essa parte do país?
Um pouquinho lacrador, mas no fundo legal, foi o destaque dado em certo momento ao time dos refugiados, que está cada vez mais encorpado e os organizadores esperam que este ano conquiste uma medalha. Foi uma boa ideia, bem esportiva, essa de inventar um "país" para quem por motivos diversos perdeu o seu.
De neutro, me chamou a atenção a pouca idade do presidente do Comitê Olímpico de Paris, que está pelos 40. Tanto o atual primeiro-ministro do país como o que a direita queria colocar em seu lugar têm menos de 30. O Velho Mundo parece acreditar mais nos jovens do que países como nós e os EUA.
Quanto ao pódio, meu bronze vai para o desfile dos atletas no Sena. Ficou bem melhor que no estádio e permitiu usar Paris como cenário. Algumas tomadas privilegiando edifícios típicos da cidade ficaram excelentes. E os trechos filmados de cima, com as ruas próximas ao rio aparecendo, garantiram a medalha.
A briga final foi boa, mas na minha opinião a prata vai para o já citado show de luzes da Torre Eiffel. Durante grande parte das cerimônias realizadas no Trocadero a base da torre ficou visível de um ângulo que a deixou muito bonita. E quando a colocaram no centro do espetáculo ela ficou sensacional.
Finalmente, a medalha de ouro vai para o cavalo de prata da imagem acima. Um cavalo mecânico prateado, conduzido por uma amazona com roupa de Idade Média de HQ, galopando à noite sobre as águas do rio. Ficaria ótimo em qualquer lugar, em Paris conjugou referências insinuadas durante toda a abertura.
Para culminar, a moça ainda trocou o cavalo por um de verdade e entrou com ele na praça, apeou, caminhou com passo solene com a bandeira olímpica que antes lhe servira de capa nas mãos, subiu a escadaria e entregou-a aos membros das forças de segurança que deveriam içá-la.
Içaram de cabeça para baixo. Acontece, o inspetor Clouseau também é francês. A figura oculta da abertura foi a Pantera Cor-de-Rosa.
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