segunda-feira, 24 de junho de 2024

Responde aí

Para quem dizia que tudo acabaria numa entrevista de deputados bolsonaristas em frente ao Capitólio, aí estão, em linguagem gentil e com cópias para representantes dos demais poderes, as perguntas enviadas pelo Comitê Global de Direitos Humanos da Câmara dos EUA ao Alexandre de Moraes.

O prazo dado foi de dez dias úteis e creio que todos aguardam pela resposta do ministro, que pode: confirmar os abusos, passando recibo de ditador; negá-los e ser desmentido com facilidade a seguir, passando recibo internacional de mentiroso; não responder, o que seria uma confirmação silenciosa.

Ele também pode tentar enrolar os americanos, pulando das suas questões objetivas para os cipós da anuência de seus pares, da legitimidade do seu cargo e assim por diante. Não enganaria ninguém lá fora, mas a imprensa local poderia dizer que ele respondeu a tudo e o gado que a leva a sério acreditaria.

No fim os fatos são inegáveis e o deputado Chris Smith, presidente do comitê, não deve estar blefando quando diz que prepara uma proposta de legislação sobre o caso brasileiro, restando saber se esta seria aprovada (como aposta o Paulo Figueiredo, que acompanha o tema de perto) e qual seria sua abrangência.

A simples ameaça de aplicação de sanções a empresas americanas que operam no Brasil ou vice-versa deve ser suficiente para conter novos abusos e corrigir alguns já cometidos. E é evidente que tudo melhora se Trump for mesmo eleito. Podemos até sonhar com uma eleição limpa em 2026.

Fadiga semântica

A doença que o Doc se acostumou a diagnosticar no Esgotão se alastrou pela mídia. Começou com o "fascista", que hoje significa "não gosto de você", e passou para a grande imprensa nacional e internacional com o "ultradireita" (ou similares), que já virou piada e significa que "eu, jornalista de esquerda, não gosto de você".

Ainda assim, a vantagem do "ultradireita" era o sentido único, ele era uma flecha que, independente da força e da pontaria do arqueiro, jamais o atingia como "ultraesquerda". Mas o mesmo não aconteceu com o cultuado "fake news", que está se revelando um verdadeiro bumerangue.

O fenômeno é internacional e quem o constata é o Instituto Reuters em seu Digital News Report 2024. Criado pela imprensa tradicional para atacar as redes sociais, o termo passou a ser aplicado pelo leitor às notícias da própria imprensa. E não apenas às comprovadamente falsas, mas também às que apenas o desagradam.

Em outras palavras, "fake news" passou a significar "eu, leitor, acho que você está mentindo" e está evoluindo para "eu, leitor, não gosto do que você escreveu no jornal". Bem feito, abusaram do termo e receberam o troco.

Piada Pronta (notícia da Folha)

Greve dos professores de universidades federais termina após período de 69 dias - Servidores decidiram aceitar que o governo Lule (PT) não ofereça reajuste salarial. 😂😂😂


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