quinta-feira, 20 de junho de 2024

O monstro sumiu

"Mama, você foi muito má", dizia Sloth ao mudar de lado e defender os goonies contra a matriarca da família de bandidos em que nasceu. E Mama Fratelli era mesmo chegada a um roubinho, uma falcatruazinha, mas nunca deve ter chamado o seu Sloth bebê de monstro, como outro contumaz meliante acaba de fazer.

É fato que ele não se referiu a todos os bebês, mas apenas aos nascidos de estupros, que ele, através de seu partido e das pessoas que nomeia, quer assassinar mesmo quando já formados e capazes de sobreviver a um parto, após 22 semanas de gestação.

Aliás, nessa fase eles só podem ser retirados como num parto, através do canal mágico ou de uma cesariana. No primeiro caso é necessário matá-los antes com uma injeção no coração que não se usa nem para animais. No segundo eles são mortos quando a barriga da mãe é aberta - oficialmente, pois ninguém fiscaliza isso e é aqui que entram os boatos de venda de bebês para aquele pessoal bacana dos rituais.

Mas não é a esse sumiço que o título se refere, é à frase dita pelo preferido de nove entre dez abortistas. Tente encontrá-la na chamada grande imprensa. Ninguém a menciona, tudo que sobrou foi um filmezinho que circula pela internet, cuja divulgação Mama Cármen Lúcia deve com certeza proibir durante o período eleitoral.

Agora, só para comparar, imagine se o presidente fosse outro. Imagine as manchetes, as colunas escritas entre lágrimas, os especialistas explicando o trauma que aquelas palavras causaram às meninas violadas, o "eu não sou monstro, monstro é você" que seria usado como chamada da entrevista com a designer que é fruto de um estupro.

Pelo menos o silêncio não se deve a nenhuma ameaça, nossa imprensa não é uma esposa obrigada a se calar pelo marido violento. É mais adequado compará-la a uma prostituta vulgar que faz barraco na frente da casa de quem recusou seus serviços, mas nada se atreve a dizer do cliente que a usa com frequência e lhe paga bem.

X de censura

Xandão multou o X por não ter derrubado o perfil que divulgou o que lhe interessava esconder e, coerentemente, censurou a reportagem da Folha que publicou a mesma informação. Mas a Folha, sempre tão fiel, reclamou da traição. E o magnânimo acabou por voltar atrás em sua decisão.

Terá sido tudo combinado de antemão para sugerir que o grande ministro reconhece quando se engana e se corrige nesses casos? Terá a Folha procurado as colegas de mesmo nível e todas decidido que não aceitariam uma só gota do remédio que querem enfiar goela abaixo da sociedade? É difícil saber.

De qualquer modo, tenho reconhecido que os fatos narrados eram verdadeiros, o ministro deve agora cancelar a multa aplicada ao X. Pois é, deveria, mas se fosse loteria esportiva essa opção seria a zebra da rodada. Isso seria coerência demais, não vamos também exagerar.


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