Quem tinha razão

O Ex-tadão, quem diria, gastou um editorial para reconhecer que Olavo tinha razão. Não em tudo, claro, ele continua a ser um astrólogo que se tornou guru da maléfica extrema direita brasileira. Mas tinha razão quando dizia que a "academia" brasileira é dominada pela esquerda.

Segundo o editorialista, tudo começou quando, em entrevista ao jornal, o "insuspeito ensaísta" Francisco Bosco reconheceu o acerto em questão. Inconformados, os "abutres da esquerda" recorreram ao "violento tribunal das redes sociais" para atacar os mensageiros. Mas isso só reiterou que estes tinham razão.

Na verdade, o Ex-tadão já sabia. Sabia que a academia é dominada pela esquerda e "reage violentamente" a qualquer tentativa de dar espaço a conservadores. E isso é antigo, meio século atrás um pensador (de esquerda) demonstrou que nem o regime militar abalou essa fortaleza dos canhotos. O que leva o editorialista a concluir:

O episódio ilustra o ar rarefeito sentido hoje no debate público brasileiro, no qual a lógica de grupo se sobrepõe à necessária liberdade de divergir e conviver. Um modo tribal de encarar o mundo, os valores e as ideias leva à sensação de ameaça permanente nos grupos e identidades que se enfrentam. Às tribos da esquerda que gritaram agora, resta o alerta: se prosseguir reagindo assim, obrigarão alguns a dizer que a esquerda é burra - e aí Olavo de Carvalho terá, infelizmente, acertado de novo.

Assim, o jornal diz ter esperança de que a esquerda se transforme repentinamente depois de décadas. Sério, Ex-tadão? Você acha que eles vão fazer como você, que meses atrás garantia que essa turma tinha razão e agora descobriu que o PT continua o mesmo? E que até já admite que o STF pode ter exagerado um pouco?

Quem será pior, o acadêmico fanático e tacanho, seu colega malandro que defende a igrejinha por interesse financeiro, o jornalista que se finge de isento depois de dar show de parcialidade? Acho que todos, essa é mais uma coisa em que Olavo tinha razão: é tudo um bando de filho da puta.

Números da razão

Em artigo publicado ontem (aqui), a Gazeta do Povo mostra que, numa lista de 50 autores, os mais citados em universidades do Brasil são Marx, Foucault e Paulo Freire. Em números, a análise de 5.000 teses de mestrado e dissertações de doutorado demonstrou que o barbudo era citado 545 vezes, o francês 486 e o brasileiro 476.

É evidente que o pensador poderia ser citado criticamente, mas na prática acontece o contrário: como mencionar ídolos desse porte revela fidelidade à seita e tende a facilitar a vida do fiel, até em trabalhos de Enfermagem o pessoal dá um jeitinho de enfiá-los de modo elogioso.

Herança

Está certo que ela só o criticava, mas não deixou de causar certa estranheza o fato de Olavo de Carvalho não ter deixado absolutamente nada para a filha petista em seu testamento. Pois ontem a jumenta declarou que pretendia repassar sua parte na herança para o Caetano Veloso! Não merecia nada mesmo, Olavo tinha razão.