No último estudo Pisa, divulgado em dezembro, os estudantes tiveram o pior desempenho de todos os tempos em matemática e leitura. Em outro estudo, os próprios alunos reclamaram da pouca digitalização de suas escolas e do fato delas não os prepararem para o mundo do trabalho e a vida real.
Os professores se sentem esgotados e metade deles revelou já ter presenciado episódios de violência física ou psicológica entre alunos. Brigas, bullying e vandalismo são cada vez mais comuns dentro das escolas e se estendem para fora delas, chegando a envolver familiares dos estudantes em algumas ocasiões.
A situação deteriorou-se a tal ponto que nem as escolas primárias, destinadas a alunos entre 6 e 10 anos, estão a salvo desses problemas. Mas é entre os adolescentes das escolas secundárias que eles explodem e ganham dimensões que até pouco tempo atrás seriam impensáveis.
Recentemente as autoridades tiveram que desmentir o boato, que se tornou viral no TikTok, de que as agressões sexuais estariam liberadas no Dia Nacional do Estupro, a ser comemorado em 24 de abril. Até conflitos internacionais, como a guerra de Gaza, geram discussões e brigas físicas entre alunos.
Bem, você já sabia que era assim em Nova Iguaçu. Mas a questão é que nós estamos falando da Alemanha, cujo sistema educacional era considerado exemplar pouco tempo atrás. O que teria acontecido? Em reportagem sobre o assunto, o portal DW elenca algumas possíveis causas da deterioração.
Uma delas é o explosivo aumento da imigração. Apenas nos últimos dois anos, o sistema precisou integrar cerca de 200 mil crianças ucranianas e outro tanto de estudantes provenientes de países onde, além das diferenças culturais mais profundas, há grandes dificuldades econômicas ou algum tipo de guerra.
Segundo a associação dos professores, para fazer frente a esse desafio seria necessário aumentar o número de turmas e de psicólogos, assistentes sociais e pessoas capacitadas a ensinar alemão aos recém chegados. E ainda que o governo queira contratá-los, não existem profissionais em quantidade suficiente nessas áreas.
Outro culpam a tecnologia, particularmente o telefone celular, que mudou a forma como nos comunicamos. De acordo com os defensores dessa tese, "os jovens falam mais uns sobre os outros do que uns com os outros, dando vazão a mal-entendidos que não aconteciam em situações cara a cara".
Mas a maior vilã da reportagem parece ser a epidemia do coronavírus, que causou um "aumento significativo de doenças psiquiátricas" e foi particularmente danosa para os estudantes devido à decisão de fechar as escolas da Alemanha durante longos 180 dias (ao contrário dos 56 da França, 45 da Espanha e 31 da Suécia).
Pois é, quem diria que encher o país repentinamente de imigrantes causaria problemas? Ou que fechar as escolas ao estilo imbecis do STF teria um efeito deletério de longo prazo? Quem poderia adivinhar que a razão estava com quem defendia que os jovens, praticamente imunes ao vírus, poderiam levar uma vida normal?
OBS: Os países que fecharam as escolas por mais tempo foram Chile, Letônia e Polônia. Quase empatando com eles, o quarto foi o Brasil.
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