domingo, 12 de maio de 2024

Indo e voltando

Conversando com os irmãos na beira da praia que há muito frequentavam - na qual, num antigo verão, nasceu a minha homenageada de hoje -, meu avô comentava o quanto o mar havia recuado desde o tempo deles. Para dar uma ideia, se hoje ele avançar 50 metros ainda estará longe da marca de um século atrás.

Assim o mar vai e volta. Essas alternâncias já ocorrem todos os dias nas marés. E podem também ser violentas. Se o mar passar a recuar subitamente é melhor sair rápido dali porque depois ele vai retornar com a força de um pequeno tsunami.

Me lembrei disso ao ver, nos comentários de ontem, um vídeo em que um senhor previa que a seca dos últimos anos seria sucedida pela inundação de agora. A base de seu raciocínio é a experiência de que as coisas vão e vêm. Como sempre foram e voltaram, em larga e pequena escala, de eras de gelo e degelo a minutos de recuos e avanços.

Ao homem cabe adaptar-se, sem fantasias sobre a sua importância. A chuva cairia e os rios se elevariam do mesmo modo se todos tivessem deixado de usar automóvel. Mas os efeitos das enchentes seriam minimizados se barragens, sistemas de bombeamento e outros tivessem sido construídos ou recebido a manutenção adequada.

Infelizmente, nossos governantes decidiram trocar o trabalho prático que lhes caberia por discursos grandiloquentes sobre problemas teóricos que não podem resolver e "soluções" que só atendem a interesses de certos setores políticos e econômicos.

Exemplo destes últimos? Que tal as geladeiras que nós trocamos nos últimos anos para diminuir as emissões de CFC que estavam causando o buraco da camada de ozônio? O Brasil foi o quinto país que mais diminuiu essas emissões. Mas o buraco, sobre o qual ninguém mais fala, continua a aumentar.

Já melhorar as barragens, nem pensar.

Soluções existem. Os holandeses criaram barreiras eficientes contra as águas do mar. O Tâmisa tem um sistema de comportas que pode proteger Londres de eventuais elevações de suas águas. A China tem construído parques rebaixados que podem funcionar como piscinões a céu aberto em caso de enchentes.

Uma série desses parques não poderia resolver as coisas no sistema pluvial que deságua no Guaíba? Novos canais entre este e a Lagoa dos Patos e/ou desta para o mar não resolveriam? Alguém calculou isso? Dizem que há um plano que a Dilma engavetou. Ganha um carimbo de otário quem imaginar que o larápio o desengavetará.

Nem mesmo pavimentar as ruas com materiais mais porosos ou estimular a construção de calçadas com trechos gramados o pessoal cogita. Tudo é feito de hoje para amanhã, sem nenhum plano maior, sem pensar no assunto. Agora estão falando dele, mas é só a pressão baixar que o esquecerão.


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