No melhor estilo do batedor de carteira que grita "pega ladrão", um recente editorial de O Globo nos oferece a seguinte frase: "A falta de transparência torna impossível avaliar se as leis foram respeitadas e empresta certa credibilidade às acusações de arbítrio contra o Supremo, especialmente da extrema direita."
Não é um caso isolado, nossa grande imprensa está repleta de artigos que tentam transmitir a ideia de que possíveis excessos foram necessários para conter as "ameaças à democracia", mas o STF deve voltar a respeitar a lei. Mantendo a analogia: é verdade que batemos sua carteira na eleição, mas agora tentaremos ser honestos.
Procurando bem, você já pode até encontrar "direita" sem "extrema". O PL das Fake News virou PL das Redes e, acredite, tem gente por aí reconhecendo que o problema é definir o que é mentira ou não. Uma moça chegou a defender que não é crime manifestar a opinião de que algumas vacinas podem não funcionar.
Nem da prisão de Bolsonaro por ter discutido mecanismos previstos na Constituição eles falam mais. Pararam com o jornalismo precog das "intenções golpistas". Estão todos repentinamente bonzinhos, ponderados, como se nunca tivessem tentado tratar seus leitores como débeis mentais.
Claro que uma coisa não combina com a outra, se não havia intenções golpistas ou se estas não valiam por um tentativa de golpe, não havia também motivo para os excessos que agora não devem ser mais tolerados. Aliás, desde quando se justifica que um tribunal desobedeça abertamente as leis?
Além disso, as senhoras idosas permanecem julgadas de modo irregular e condenadas a 14 anos de prisão, o Felipe Martins está preso por nada além da vontade de quem mandou encarcerá-lo. As empresas estão destruídas, as contas bloqueadas, as pessoas exiladas. Todo o arbítrio que essa imprensa patrocinou continua igual.
E também continua o silêncio quase absoluto sobre os Twitter Files. Eles fazem de conta que não existe essa prova (ou pelo menos possível prova) de que o verdadeiro gabinete do ódio era o petista e a eleição foi realmente manipulada. No noticiário, tudo se resume a uma discussão entre o Elon e o Xandão.
Talvez por perceber que os acontecimentos podem tomar uma dimensão internacional que a exporia de vez ao ridículo, nossa imprensa pisou no freio. E talvez isso se mantenha e livre sua cara com um estrangeiro que não acompanhou o que aconteceu por aqui, mas eu acredito que não funcionará internamente.
Mesmo que não façam mais, ninguém vai esquecer o que vocês fizeram, jornalões. Não a tempo do atual modelo dar um jeito de sobreviver à internet. Não haverá a quem recorrer contra a punição do público. Tanto vocês pediram que é vocês que não terão anistia. Queimem, demônios, na fogueira que acenderam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário