sexta-feira, 12 de abril de 2024

Macacos à luz do sol

Foi a reação mais engraçada. Gente, diz a Canhotede naquele tom de tia espantada com o preço do tomate, o que é isso? O "misterioso" Elon Musk ataca nosso Alexandre e, ao invés do Brasil inteiro sair em defesa de suas instituições, tem quem lhe dê razão? E dentro do próprio Congresso, onde se viu? O artigo do Ex-tadão termina assim:

A quem interessa deixar livre, leve e solto um deputado acusado do assassinato de Marielle e Anderson? E manter livre, leve e solto o submundo das redes sociais, que mente, ataca, deturpa e pode até mudar, imoralmente, resultado de eleições? E, afinal, deixar Musk livre, leve e solto para atacar o Brasil, as instituições e ministros do Supremo? Segundo Bolsonaro, Musk defende "democracia" e "liberdade". Bem... Só para quem acredita que a Terra é plana, vacina mata e cloroquina cura Covid. Aí não tem jeito, é incurável.

Ou seja, a criatura juntou todos os clichês para tentar justificar seu apoio à censura, às perseguições, às prisões arbitrárias (que esqueceu de citar) e a quem efetivamente manipulou de modo imoral as eleições. Aferrou-se ao discurso antigo como se acreditasse realmente nele, o que eu duvido muito que seja o caso.

Na Foice, as respostas são igualmente previsíveis. Tal como o Allan dos Santos, dono de uma empresa com dezenas de funcionários, era blogueiro, os denunciantes dos Twitter Files são chamados de ativistas, militantes ou qualquer outro termo que não se refira à sua formação profissional. Jornalistas são os que trabalham na imprensa. E esta não inclui veículos como a Gazeta do Povo, apenas os comprometidos com o sistema.

Tentam ganhar no carteiraço, se agarram aos títulos como o doutor que mostra o diploma ao caipira. Jornalistas deveriam buscar a verdade e ele são jornalistas, logo... Juízes devem aplicar a lei e os supremos são juízes, logo... O problema é que isso só funciona com os tontos que não percebem o truque barato.

E o desconforto é perceptível. Eles não queriam tocar no assunto, pensaram que estavam frente a outro caso Mynd8, que depois de pouco tempo sumiria. Tentaram resumir tudo a uma discussão entre um bilionário excêntrico e um ministro do Supremo. Mas a coisa ganhou uma dimensão inesperada.

O espaço internacional, até então resumido a um programa do Tucker Carlson e a uma entrevista em frente ao Capitólio, cresceu. Representantes da nossa oposição passaram a ser ouvidos no Parlamento Europeu, jornais do mundo inteiro se interessaram pelo exótico modelo de ditadura aqui implantado, Alexandre virou um meme.

Vimos alguns números sobre isso ontem e eles certamente estão maiores hoje. O tema não morrerá tão cedo, na internet e fora dela. Num ano de eleições na Europa e nos EUA, nós seremos usados como exemplo do que os mesmo grupos que estão por trás de tudo pretendem implantar em todo o Ocidente.

A contragosto, nossa mídia cúmplice é obrigada a se manifestar. E seus integrantes vão espernear e usar as armas que têm, mas sabem que o perfil de quem vier a se interessar pelo tema no exterior está muito acima do dos palermas manipulados que se contentaram em convencer por aqui. Terão que rebolar melhor que a Canhotede.

Também é interessante a reação dos isentões. Eles não querem passar recibo de quem são e fechar abertamente com a mídia cúmplice. Mas voltam a tentar escandalizar temas secundários (o filho do Bolsonaro não pedir o impeachment do Xandão, por exemplo) para desviar do mais importante e retomar a fantasia do "todos iguais".

Cada macaco corre para o seu galho, cada malandro se apega à sua especialidade. Mas eles já não podem se esconder nas sombras como antes.


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