Essa semana, deputados bolsonaristas viajaram aos EUA com o pretexto de denunciar, no Congresso americano, o risco que corre a nossa democracia devido à atuação do Judiciário. Foram barrados e fizeram um discurso vergonhoso na calçada (...) A defesa da democracia nunca foi o objetivo destes deputados.
O tuíte acima, que conta a história pela metade e tenta desmerecer os esforços para recuperar a liberdade do nosso país, poderia ser de um petista assumido. Mas seu autor é o isentão João Amoedo, que o publicou há um mês e, de lá para cá, só falou de Petrobras, 64, Marielle e temas equivalentes.
Elon Musk? Apoio da direita europeia? Milhões de tuítes, artigos e visualizações sobre o que está acontecendo por aqui? Constatações de que o Brasil se transformou no laboratório de um modelo de ditadura que pode ser levado para outros países? Críticas aos "excessos" até na mídia cúmplice nacional?
Amoedo está vendo tudo isso, mas nada comenta. O que poderia dizer? Se apoiar a luta pela liberdade terá que reconhecer que esteve errado todo esse tempo. Se a combater se alinhará definitivamente com os petistas que sempre fingiu não apoiar. Na dúvida, nem o falso discurso da imprensa contra os "excessos" consegue fazer.
Deve estar se retorcendo por dentro, mas não encontra coragem para soltar o que está preso em sua garganta. A maioria deles não a tem. Segundo li por aí, só o atual dono do Antagonista expressou abertamente o que eles pensam: Musk está fazendo o certo, mas conversando com as pessoas erradas.
Naturalmente, as pessoas certas seriam eles mesmos. Musk, os deputados americanos e europeus, os jornalistas, os youtubers... o mundo deveria estar criticando o que acontece no Brasil e dialogando com a oposição, mas esta jamais poderia ser representada por aqueles que na sua fantasia são iguais aos petistas.
O problema é que é só fantasia. Quem se opõe ao que todos sabiam que se tornaria muito pior com o PT no Executivo já procurou evitar o agravamento da tragédia votando contra o descondenado. Eles apoiaram as primeiras ilegalidades e depois ainda votaram no Expre ou se omitiram. São cúmplices também.
No meio desse dilema, entre o silêncio de um Amoedo e a confissão do cara do Anta, a maioria dos isentões rebola para encontrar uma posição. Não criticam o Musk, mas falam pouco dele. E soltam sua raiva reprimida fazendo o que mais sabem: críticas desonestas aos que ocupam o lugar que gostariam que fosse seu.
Falam dos que votaram para soltar o Frazão, mesmo sabendo que a rigor não deveriam prendê-lo. Escandalizam o apoio ao irmão do Gigi numa prefeitura do interior, como se isso não fosse comum no xadrez político brasileiro. Fingem se horrorizar quando se diz que o impeachment de Xandão não resolve porque o Expre escolheria seu sucessor.
Como sempre, tentam vender pequenos recuos que fazem parte do jogo como erros tão graves quanto censurar o país, julgar e prender pessoas sem o devido processo legal e tudo o mais. Mas não enganam mais ninguém além de seus adolescentes bobos. E muito menos enganarão os que defendem a liberdade mundo afora.
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