sexta-feira, 29 de março de 2024

Condenados e descondenados

Em primeiro lugar, resumindo a data, Pilatos, que seguia a lei de Roma, aquela que era escrita e publicada para que todos pudessem ver, não encontrou crime algum em que pudesse enquadrar o cara. Mas acabou se abstendo e ele foi condenado pela intenção que talvez tivesse, pelo clima assim meio golpista que causava.

Vindo para nossos dias, encontramos a Folha abrindo novas frentes de combate e dando um bom destaque (mais que à visita do Macron, por exemplo) ao caso do irmão de Bolsonaro, que virou réu por homofobia porque teria chamado um funcionário de "viadinho" durante uma discussão.

Pelo que deu para entender, é a palavra de um contra o outro. Mas com tanta gente disponível por aí e tratando-se de uma função que aparentemente não exige maior qualificação, não é estranho que um homofóbico contrate viadinhos para trabalhar na sua empresa?

Quanto a pegar o pé do irmão, nenhuma novidade. Eles já não investigaram até os imóveis comprados pelo primo em 1990 para falar da fortuna imobiliária dos Bolsonaro? Aliás, faz tempo que não tocam nesse assunto, agora que a baleia naufragou talvez fosse um bom momento para requentá-lo.

Mas a principal manchete do jornal diz que, segundo o Datafolha, 63% das pessoas são contra a anistia "aos responsáveis pelo 8/1". O que, mesmo esquecendo a simples fraude, parece bastante estranho.

Em janeiro, apenas 18% dos brasileiros consideraram que aquilo foi um golpe. A festa que os pilantras imaginaram fazer foi frustrada porque os governadores que representam a maioria da população e quase todo o PIB do país sentiram a falta de apoio popular à palhaçada e não deram as caras.

Seria necessário saber em que sequência de perguntas essa aparece, os detalhes que o entrevistado conhece e o que foi exatamente perguntado. Uma pergunta como "você acha que os caras que quebraram um prédio no dia tal devem cumprir suas penas" tende a ter uma maioria de respostas positivas.

Até o constrangimento em parecer bonzinho com bandido o entrevistado pode sentir. Mas ele tem conhecimento de que o crime envolve a "tentativa armada de tomar o poder" e ninguém estava armado? Que as penas são absurdamente altas e tudo o mais?

Quem você não encontra na capa da Folha é o presidente do país. Só vi uma única referência lateral ao seu nome abaixo do pequeno título sobre o Macron. Ele deve ter tirado uma folga para comemorar, afinal hoje é o dia em que o colega Barrabás foi descondenado e se deu bem.

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