O popular

Daniela do Waguinho, a eterna ministra "ligada a milicianos", é, como diz o nome, esposa do Waguinho. E este é o prefeito de Belfort Roxo que, dois dias atrás, decretou ponto facultativo e ordenou que "todos os funcionários" do município comparecessem ao comício estrelado pelo descondenado sem apoio popular.

Boné e bandeirinha, ônibus e lanche grátis, o padrão petista de sempre. Os áudios e vídeos que correram o país foram tão escandalosos que até os grupos de comunicação mais ligados aos patifes tiveram que registrar o fato. Uma notícia lá no cantinho e depois não se fala mais no assunto, mas saiu.

O que não saiu na imprensa, mas rola nas redes sociais e parece ser atual, é a cena em que o ex-presidiário visita uma escola da cidade e é saudado pelos alunos que estão tendo uma aula normal. Isso num dia em que as escolas estavam todas fechadas e as crianças deveriam estar em casa.

Desvio de função, abuso de poder econômico, abuso infantil... daria para escolher as irregularidades a punir se estivéssemos numa situação normal. Como não estamos, o único castigo da história é o constrangimento da imprensa e do gado petista que tenta manter viva a mentira de que o pilantra é popular.

Ódio ao pobre

Se não é numa cidade em que o prefeito consegue coagir até as crianças a saudá-lo, precisa ser num local em que algum outro parceiro amedronta a população a ponto de assegurar que ninguém se atreverá a vaiá-lo. Um dominado pelos cpx como o Complexo do Alemão, que foi a próxima parada da turnê.

Lá, mostrando todo o seu desprezo pelos que não seguiram seu exemplo e trabalham honestamente apesar da baixa remuneração, ele zombou de quem atua como ajudante geral. Debochou feio, do cara e de sua companheira pois, segundo sua visão, uma mulher que se preze não vai querer namorar um ajudante geral.

Ajudantes gerais (ou cargos similares) são milhões no Brasil. E a maioria desse pessoal deve ser votado justamente no vagabundo que enriqueceu através de expedientes escusos. Imagine o sujeito em casa, vendo o noticiário da TV com a esposa, recebendo essa no meio da cara.

O pior é se você juntar essa declaração com a dos "meninos da cervejinha". O recado fica claro e reforça uma ideologia vigente no local em que foi dado: se você quiser se dar bem com as minas é melhor virar assaltante e andar por aí com moto e cordão de ouro do que ser um otário que pega ônibus lotado para ganhar mixaria.

Resposta possível

Ao mesmo tempo em que o malandro passava vergonha, Bolsonaro reunia uma multidão de apoiadores espontâneos e as notícias sobre a epidemia de dengue que poderia ter sido evitada pela vacina que não foi comprada se acumulavam.

Isso sem falar no desastre cada vez mais claro da economia e no escândalo, agora internacional, da inversão de uma justiça que favorece corruptos confessos e investiga quem os combate. Algo tinha que ser feito, eles precisavam desviar o assunto.

E a escolha foi a mesma: o "golpe" que só foi comprado pelo 18% mais gado da população, mas continua a ser tratado como um sucesso pela imprensa e pelos criadores da narrativa. A notícia de última hora é que o ministro careca ordenou que Bolsonaro e outros membros de seu governo entregassem seus passaportes.

É ridículo, mas é o que eles têm.