quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Medo da avenida

Como previsto naqueles dias em que eles pararam de falar em Bolsonaro, o silêncio não duraria muito. A história do golpe das velhinhas não tinha convencido mais que 18% de idiotas, a festa prevista para o dia 8 foi uma palhaçada constrangedora. Mas o fracasso do desgoverno não deixava opção, era preciso continuar desviando a atenção.

E eles tinham um outro golpe, também sem armas e dado por um "exército de ministros", que é no que se prendem agora com a já habitual desconsideração pela lei e pela lógica. Será que esse vai convencer? Os 64% que constatam os abusos do Judiciário acabarão concordando com os 20% de imbecis que nada percebem?

É a esperança do Vinicius Torres Freire, que torce para que o noticiário tenha afastado boa parte dos que votaram em Bolsonaro e a manifestação do próximo dia 25 seja fraquinha. Torce, mas não acredita muito, tanto que já ensaia o discurso, que eles provavelmente usarão, de que ela não foi tão grande assim.

Um problema pro Vivi é que o governo não está mais nas mãos de um traíra como o Calça Apertada. A PM poderá divulgar números reais, não os que o "presidente em exercício" mandou atribuir à motociata da Bandeirantes e a manifestações posteriores. Prevejo que a mídia vendida se agarrará aos "cálculos" da turma do Ortellado.

Mas o grande receio do petistinha é que o protesto assuma uma dimensão que a imprensa não poderá negar sem se desmoralizar. "Em tese", segundo suas palavras, a avenida lotada poderia até intimidar os que estão processando Bolsonaro. E "levar governadores e prefeitos ajudaria também". Foi ele que falou.

Ressentidos

Também na Foice, a petista Maria Hermínia Tavares prefere se fixar no "ressentimento". Ela pega aquele trecho em que Bolsonaro diz que era um deputado desprezado do baixo clero e o utiliza para requentar a tese de que é esse tipo de coisa que liga o "populista" ao seu público invejoso de quem está melhor de vida.

O discurso de sempre. Mussolini teria sido o primeiro a utilizar politicamente o rancor dos que estavam perdendo renda e posição social, os populistas elegem inimigos como os imigrantes que tiram empregos ou as mulheres emancipadas etc.

Poderíamos lembrar, por exemplo, que quem liderou os cortadores de cabeça na França de 1789 usou o rancor do povaréu antes do Benito. Mas o mais divertido é que a própria Maria confessa que "aqui os grupos mais sensíveis à retórica da vitimização não figuram entre os perdedores de renda ou de posição social".

Pois é, por aqui quem explora os coitados é justamente o Molusco com seu discurso do "pobre" que foi desprezado e agora governa através dele. Se a petista fosse honesta, deveria admitir que ele é o grande exemplo de sua teoria. Ou, no mínimo, que os dois usam rancores para fidelizar seu público.

Mas, como petista honesto não existe, ela só consegue dizer que é preciso descobrir como encaixar a realidade na sua teoria. Talvez, cogita, o bolsonarista esteja insatisfeito com o reconhecimento que imagina lhe ser devido pelas elites nacionais.

Eu acho que é mais simples. O pessoal só está cansado de ver o país entregue a malandros aproveitadores que em geral não conseguem nem desenvolver um raciocínio primário sem se atrapalhar. A turma não está se vitimizando de graça, mas porque é realmente vítima da escumalha que domina a nação.


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