quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Não é um candidato

"Trump não é um candidato, ele é o líder de um movimento nacional. Ninguém conseguiu entender como é assumir o papel de campeão de um movimento. É por isso que, mesmo quando essas questão legais se acumulam, isso enfurece seu movimento e aumenta sua raiva de forma inacreditável."

As palavras de Newt Gingrich, antigo porta-voz da Câmara de Representantes, foram ecoadas pelo próprio Trump em Iowa:

"Você e eu estamos nessa batalha lado a lado, juntos, e estamos enfrentando todo o sistema corrupto de Washington como ninguém jamais fez antes (...) o establishment político e as elites globais (...) estão em guerra conosco - temos que lutar."

E os eleitores concordam. Dois terços dos que foram votar na última segunda-feira acreditam que o pleito de 2020 foi roubado e dizem coisas como "Trump está sendo perseguido pela Justiça" ou "agora é que vamos apoiá-lo mesmo, é como se fosse uma pessoa da família sendo perseguida".

Especificamente entre os evangélicos, dizem os jornais que cobriram o evento, falhou a tentativa de apresentá-lo como um malfeitor pouco cristão. Prevaleceu a palavra dos pastores, para quem "Trump pode falar besteira, mas age em nosso favor" e "foi o presidente que mais passou iniciativas em defesa da liberdade religiosa".

Questão global

As semelhanças com o que acontece em outros países do Ocidente não são acidentais. Se todos têm sistemas políticos similares e estão sob o ataque globalista bem descrito pelo deputado Luiz Philippe no artigo da última sexta-feira, é natural que as reações de suas populações também se assemelhem.

Por que essa reação parece exigir um campeão que a encarne é um tema que nossos sociólogos poderiam achar fascinante caso não se posicionassem apenas como militantes primários da causa contrária. Por ora, só registramos o fato e a nossa crença de que o movimento não terminará quando seu líder inicial se for.

Diferenças

Algumas diferenças do nosso caso para o americano são percentuais. Mais de 60% dos brasileiros não confiam totalmente no sistema eleitoral sem voto auditável e muitos fingem não ver a parcialidade de juízes que se orgulham de derrotar um lado, mas quase 90% dos eleitores de Bolsonaro dizem que a última eleição foi roubada.

Ao contrário do que acontece nos EUA, o topo do nosso sistema jurídico está tomado pelos globalistas. E estes se uniram a uma esquerda que é mais radical que a americana, tem seu próprio campeão e ainda consegue favorecer os interesses das grandes corporações enquanto se vende como defensora dos mais necessitados.

Vende porque há quem compre. Dezenas de milhões de analfabetos totais e funcionais que são facilmente manipulados oferecem a base eleitoral sobre a qual repousa o sistema. E entre os que estão acima desse nível ainda há os cínicos que trabalham para mantê-lo, desvirtuando fatos e mentindo até para si mesmos em muitos casos.

Uma curiosidade é que a liderança anti-sistema de Trump é disputada por gente como De Santis, enquanto no Brasil isso não acontece. Aqui, tucanos, isentões e todos os demais opositores de Bolsonaro se revelaram no final apoiadores do petismo, deixando-o como única opção contra o sistema que inclui a antiga esquerda.

Trump parece ter dificuldade para nomear um herdeiro, mas esse não é um problema imediato porque ele mesmo deve concorrer. Bolsonaro talvez não possa concorrer, mas mostrou ter uma enorme capacidade de transferir influência. Isso funcionaria a nível presidencial? Com quem? As respostas ficam para outra ocasião.

Para combinar

Uma família que só usa roupas e adereços milionários não pode habitar qualquer barraco. Por isso, a residência cedida pela nação a papai Tapanacara será reformada pela módica quantia de quase um milhão. Aposto que tons mais sóbrios, como os de madeiras nobres, serão eliminados. Ficará tudo brilhoso como vitrine de shopping.


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