Não são só os 16 bilhões, não é só a Lei Rouanet. Não no cinema, onde nada impede que ela seja usada, mas isso é relativamente incomum porque a empresa "incentivadora" não pode cumprir adequadamente seu objetivo de fazer propaganda com o dinheiro que pagaria de impostos.
"Bradesco traz ao Brasil o Cirque du Soleil" é chique, pode ser combinado com anúncios em revistas e na TV. Num filme, o banco ficaria limitado aos créditos iniciais e a alguma fala de merchandising ao estilo "que bom que agora nós temos uma agência bancária moderna aqui no vilarejo". É pouco.
Para resolver esse problema, nosso cineastas bem relacionados com o governo contam com coisa ainda melhor. Na verdade, coisas, pois há uma série de incentivos e fundos através dos quais o dinheiro público é injetado diretamente na veia da turma, sem necessidade de uma empresa intermediária.
Se alguém quiser mais detalhes, os números dos processos na Ancine são 170051 e 230897. Mas, para dar um rápido exemplo, Minha irmã e eu, porcaria estrelada pelas petistas Ingrid Guimarães e Tatá Werneck (mais participação do petista Lázaro Ramos) está estreando depois de amanhã com os seguintes incentivos públicos:
Produção - De um total autorizado de R$ 7.600.000,00 foram captados até o momento 3,7 milhões e há um prazo curto (que talvez não seja prorrogado) para tentar buscar os demais 3,9.
Distribuição - Total autorizado de R$ 1.900.000,00 que devem ser captados (disponibilizados) até 2027.
A contrapartida é doar mais de 2 milhões de reais em ingressos grátis. Mas isso até é bom, pois, mesmo que o sujeito jogue o ingresso fora, permite contar as doações como público. O que pode ter acontecido com Ivete Sangalo, cujo "público" de 58 mil pessoas no Maracanã incluiria, segundo a Gazeta do Povo de ontem, 30 mil ingressos doados.
Assim, uma única obra vai levar, no mínimo, 5,6 milhões de reais. Como 10% são taxa de administração, quem comanda o projeto já coloca 560 k no bolso diretamente, fora os tantinhos que dá para beliscar aqui e ali.
Melhor ainda é se dedicar a arrumar patrocinadores e ganhar 10% só por aproximar as pontas, como faz, com grande destaque, a empresa pertencente à esposa do Caetano Veloso. Contabilmente pode ser outra coisa, mas, na prática, fomos nós que pagamos aqueles letreiros em Nova York contra Bolsonaro.
E aqui prepondera a ação entre amigos, com as pessoas contratadas pelas grandes empresas para encontrar projetos que lhe interessem alternando esses cargos com participações no grupelho que o governo escolhe para aprovar os projetos da Rouanet. Zé aprova o projeto de Luís hoje, Luís aprova o de Zé amanhã.
Voltando ao filme que estreia, acho que as irmãs não têm um caso homossexual. Se tivessem poderiam pegar um extra, pois o lulopetismo criou um incentivo adicional para quem aborda essa temática. Não sei se apelidaram essa verba de Menino do MEP. Mas ela explica a profusão de beijos gays nos filmes da era petista.
Tudo nas costas do povo que, em sua imensa maioria, não sabe disso e jamais concordaria se soubesse.
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