domingo, 19 de novembro de 2023

Sob as luzes

Parabéns para a Miss Tailândia. Considerada uma das favoritas desde o início, foi passando pelos funis eliminatórios até ficar sozinha com a pouco cotada Miss Nicarágua, as duas de mãos dadas, iluminadas no centro do palco, esperando a decisão dos juízes. E ainda conseguiu fingir que ficou feliz com a vitória da outra.

Fingir felicidade com a derrota deve ser uma das partes mais difíceis de ser miss, mesmo hoje quando a candidata precisa ser poliglota, estar cursando faculdade, discorrer sobre as mudanças climáticas e muito mais. E quando, curiosamente, ser bonita e gostosa já não é tão importante.

Já não é necessário nem ser mulher, pois havia dois travestis no meio delas. E entre as mulheres estava a Miss Nepal, uma gordona estranha que, vendida como a primeira "plus size", ficou entre as 20 finalistas. Desbancou até a brasileira que era considerada tão favorita quanto a tailandesa.

Cá pra nós, tudo isso deve ser muito bem pago. Os interessados em vender a gordura como belo (boa parte da indústria) podem colaborar com uns centavos. A turma da agenda LGBXYZ também. E eles não são bobos de esculhambar o concurso dando a vitória a uma aberração, mas é possível que a vitória também seja comprada.

Teria o companheiro Ortega soltado uma graninha para projetar sua ditadura de um modo mais simpático? Acho provável. E, nesse caso, o fato do dinheiro dele ter sido aceito mostra que os organizadores nada tinham contra bolivarianos e a brasileira só não foi em frente por falta desse apoio. Mais uma derrota do anão diplomático.

Como disse, não vi o concurso. Fui dormir cedo e acordei de madrugada, quase suando. Havia faltado luz. Comecei a pensar na vez em que mais perdi num assalto. Foram três. Num deles não me roubaram nada. No outro achei melhor entregar uns trocados que tinha separado do principal para uns ladrões mais assustados que as vítimas.

No terceiro, eu estava sem carro e fui pegar o metrô na Praça da República aí pelas 10 da noite. Normalmente eu fico atento, mas me distraí achando que já estava quase lá, há poucos metros de uma cabine da PM, e quando vi tinha uma arma na cara. Entreguei a bolsa de notebook que o cara pediu.

Dentro não havia um notebook, havia um caderno e um livro sobre Cabala, da turma do Rav Berg. Como terá ficado o ladrão ao ver aquilo? O companheiro de moto que chegou logo a seguir para lhe dar carona terá lhe dado uma bronca? Imaginei outra possibilidade.

Ele ia jogar o livro fora quando o abriu numa parte que dizia que nada acontece por acaso e mesmo o franco-atirador e seu alvo marcaram uma espécie de encontro. Isso o surpreendeu positivamente, pois é o que ele sempre tinha pensado: os otários se oferecem para serem roubados.

Mas por que ele tinha comparecido a esse encontro? Por que teria escolhido roubar o livro e não o notebook? Leu mais um pouco. E mais. Aquilo era parecido, mas diferente do que dizia o pastor da igreja que sua mãe frequentava. Gostou, se interessou, foi atrás. Acabou mudando de vida, hoje é uma pessoa bem distante daquela.

E por que eu fui pensar nisso agora, anos depois? Luz, Luz Infinita, faltou luz? Pode ser, pode ser. E o que tem a ver essa história com a Miss Universo? Não sei, mas alguma conexão entre todos esses temas deve existir. Nada acontece por acaso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário