"É por isso que somos contra, por exemplo, o tolhimento das sustentações orais presenciais por autoridades que deveriam por obrigação dar um bom exemplo ao país. A supressão do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa é inaceitável (...) Quem hoje aplaude esse arbítrio, poderá, amanhã, ser alvo dele."
As palavras são de Beto Simonetti, presidente da OAB, e seguiram a linha de outros discursos que se fizeram ouvir na 24ª Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, todos criticando as arbitrariedades de membros do atual STF e, em particular, o deboche com que um ministro tratou recentemente o direito à ampla defesa.
Todos os presentes se levantaram para aplaudir. A exceção foi o atual presidente do STF, que permaneceu sentado com a mão sobre a cabeça, fingindo estar lendo um papel. Como fez aquele sujeito que ele ajudou a levar da cadeia para a presidência fez na reunião em que o Zelensky entrou repentinamente na sala.
É pouco, é óbvio. É quase inacreditável o quanto regredimos nos últimos anos em termos de direitos fundamentais. É inútil lembrar a estupidez dos que não fizeram o mínimo para que essa situação fosse ao menos amainada na época da eleição. Mas é o que temos para o momento, com aquele gordão petista na OAB estava ainda pior.
Presidente Janones
Sendo verdade o que ele diz, não vi nada escandaloso no discurso do Janones pedindo parte do salário dos funcionários. Eles arrumaram o cargo porque ele se elegeu, nada mais justo que participem da conta da campanha ou ajudem a bancar a próxima. Rachar a despesa entre os participantes do evento me parece normal.
O anormal é o silêncio de quem sempre criticou a rachadinha como um dos quatro grandes crimes que teriam sido praticados pela família Bolsonaro (os outros são comprar imóveis, devolver presentes recebidos em caráter pessoal após o TCU decidir que eles deveriam ser devolvidos e falsificar a carteirinha de vacinação).
Mas no caso do MBL isso foi explicado pela aparição de antigos prints em que os líderes do movimento defendem que Janones seria o homem que fala a língua do povo, a surpresa que atropelaria os candidatos mais badalados e acabaria conquistando a presidência na última eleição.
Era esse o nome secreto que os isentões se recusavam a revelar, aquele que só não foi eleito porque nós (e milhões Brasil afora) insistimos em não apoiar sem conhecer. Está explicado também porque a "verdadeira direita" acabou na prática apoiando o PT, seu candidato foi para lá e eles o seguiram fielmente.
Novo ministro
Tivesse chegado lá, quem Janones indicaria agora para o STF? Kim, para abrir a cota dos discriminados asiáticos? Mamãe Falei, para cuidar das louras com a saída da Rosa Weber? Seria alguém da sua turma. Do mesmo modo, quem esperaria que o Molusco fosse indicar um inimigo? Sua escolha foi normal.
Lembrei de outro cara que foi feito ministro da Justiça para de lá pular para o STF. Tivesse se mantido nessa linha e não veríamos a operação que ele comandou como juiz ser anulada nem teríamos o principal condenado por ela de volta ao jogo. Mas preferiu fazer teatro por uma bobagem e aqui estamos.
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