sexta-feira, 13 de outubro de 2023

O mistério dos templários

Sexta-feira, 13 de outubro. Foi exatamente nesse dia da semana e do mês, que, no ano de 1307, o rei da França, Felipe, o Belo, resolveu o problema da impagável dívida que havia contraído com a Ordem do Templo, aprisionando todos os 72 cavaleiros templários que viviam no país sob a acusação de heresia.

Criada logo após a primeira cruzada, em 1118, a elite de monges guerreiros que apavorava os sarracenos também se dedicou ao comércio e à proteção da vida e dos valores dos que se dirigiam à Terra Santa, acumulando incalculável fortuna nesse processo e mantendo-a depois que Jerusalém foi definitivamente perdida, em 1291.

De olho nessa riqueza, Felipe articulou o ataque à ordem com o papa francês Clemente V, pouco mais que um títere do rei, que, com o objetivo de reverter a excomunhão de sua família e ganhar poder, conseguiu colocá-lo no papado em 1305 e o fez transferir-se de Roma para Avignon em 1309.

Com pressa, Felipe decidiu prender os cavaleiros sozinho. Mas Clemente se viu obrigado a enfrentá-lo e trazer o julgamento para si, pois não cabia ao rei decidir se os membros de um ordem religiosa eram hereges ou não - o papa era meio careca, mas naquele tempo atrasado eles costumavam cumprir essas formalidades.

Meses depois, já em 1308, Clemente chegou a uma solução intermediária, pela qual os cavaleiros precisavam pouco mais que pedir perdão por alegados erros. Mas Felipe continuou a pressioná-lo e, em 1312, o papa acabou por dissolver a ordem.

A maioria dos cavaleiros escapou ilesa, mas alguns líderes continuaram nas mãos do rei. Como se recusassem a admitir qualquer crime após anos de tortura e sofrimentos, Felipe os submeteu a um julgamento farsesco e condenou o grão-mestre Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay a morrerem na fogueira em março de 1314.

Os dois foram queimados em frente à catedral de Notre Dame. Já no poste, de Molay amaldiçoou o papa e o rei. Ambos morreram ainda naquele ano. E a semente de Felipe secou. Seus três filhos não tiveram filhos, quando o último deles se foi, em 1328, levou consigo a dinastia capetíngia, que governara a França por mais de trezentos anos.

Mistérios

Desde a fatídica sexta-feira 13 não podia haver dúvida de que o fim estava a caminho. E os membros da ordem se prepararam para ele, desaparecendo nos dias e anos subsequentes (algo não tão difícil para monges, homens sem mulheres e crianças, num tempo em que não éramos uma aldeia global superpovoada e multiconectada).

A partir da necessidade de receber valores na Europa e entregar seu equivalente em segurança no Oriente Médio, os templários desenvolveram um sistema bancário completo. E consta que muitos deles se abrigaram nas protegidas montanhas da Suíça, que pouco depois passou a ser conhecida, como ainda o é, pela atividade bancária.

Outro lugar em que eles poderiam se sentir à vontade era Portugal, em cuja região se instalaram fortemente na época da formação do país, para auxiliar os locais a expulsarem os mouros. Esse pode ter sido inclusive o destino da grande esquadra templária, que zarpou na noite do próprio dia 13 e da qual nunca mais se soube.

Exímios navegadores, transportando quotidianamente homens e mercadorias entre regiões distantes, os templários dificilmente sairiam a esmo ou se perderiam no mar. E foi pouco depois dessa data que o rei D. Dinis nomeou o primeiro almirante português de que há memória, apesar da nação ainda não ter oficialmente uma armada.

Para manter os bens da Ordem dos Templários, D. Dinis também lutou para substituí-la localmente por outra, a Ordem de Cristo, cuja cruz, que veio a identificar o próprio reino, seria uma derivação da cruz templária. Os lusitanos passaram a singrar os mares do mundo com a cruz neotemplária nas velas e... bem, aqui estamos.

Mas o maior mistério da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão é o destino das possíveis relíquias que seus integrantes teriam encontrado, principalmente o Santo Graal e a Arca da Aliança.

O primeiro deve ser apenas simbólico e da segunda se diz que simbólica é a informação de que Jeremias a escondeu no monte Nebo. Em termos históricos, Nabucodonosor arrasou Jersusalém e levou consigo as riquezas do templo. Mas a arca não consta da detalhada relação de objetos sequestrados e nem se diz que ela foi destruída.

Alguém esqueceu de registrar seu destino? Ou nada dizer é um modo de contar que a arca jamais saiu de seu lugar, de suas coordenadas? Neste caso ela teria sido ocultada num nível subterrâneo (simbolicamente interior), numa das cavernas existentes sob o monte do templo. Onde, se os templários não a encontraram, poderia estar até hoje.

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