Lendo o jornal de ontem, finalmente eu descobri. A reportagem do Ex-tadão falava do príncipe saudita que deu o bolo no turista e sua intenção era deixar subentendido que isso não era assim tão feio para o espertão porque, alegando cansaço, ele é que havia cancelado uma primeira conversa entre os dois em Paris.
Outro já haviam dito isso, a pauta deve ter sido passada à imprensa amiga. Mas o Ex-tadão se estendeu para explicar que esse é o príncipe que teria ordenado a morte do jornalista e que presenteou as joias "milionárias" que os Bolsonaro "tentaram trazer ilegalmente ao Brasil, no que posteriormente descobriu-se ser um esquema de desvio e venda de bens presenteados por autoridades estrangeiras".
Ah, então são esses os crimes? Até que enfim alguém os descreveu com relativa clareza.
Bem, que eu me lembre não houve nada como o presidente entrando no país e o fiscal da Receita tirando um colar do fundo falso de sua mala. A imprensa não deixaria de nos informar se houvesse. Assim, o "tentaram" do primeiro crime parece mais próximo de uma narrativa desejosa que da realidade.
Quanto ao resto, todos sabem. Os presentes eram classificados como pessoais, o TCU mudou o entendimento e os pediu, Bolsonaro os devolveu (recomprando os que vendera, é óbvio). O "crime" é tão grande que presidentes anteriores não devolveram tudo que o TCU solicitou, mas o pessoal deixou para lá.
Outro "crime" do terrível meliante acabou sendo mencionado na Foice, que fez uma reportagem relativamente extensa sobre o PCO e suas constantes proximidades com posições "de direita".
Sobre a extensão, um assinante de lá chegou a reclamar, mais ou menos como a "Sandra" fazia aqui com os "textões" (que geralmente não ultrapassam dez parágrafos curtos). Mas o curioso é que a maior extensão era comum antes de nós aceitarmos a eleição de semianalfabetos e ainda o é nos jornais dos EUA, da Argentina e de boa parte do mundo. As coisas não acontecem por acaso.
Voltando ao animal indiano frio, Rui Costa Pimenta, eterno líder do PCO, diz a certa altura:
"O que estão usando para tornar Bolsonaro inelegível é ridículo. Ele chamou uma reunião, fez um discurso dizendo que as urnas são vulneráveis e vai ser afastado por isso. Não é o jeito de fazer a coisa. Se você conseguisse pegar o Bolsonaro tentando dar um golpe de Estado e botar na cadeia é uma coisa, o pessoal podia aceitar, mas aqui não. Ele vai ser tornado inelegível por nada."
O foicista ainda tentou dizer que o monstro havia dito mentiras durante a tal reunião. Só que ele não disse e, mesmo que dissesse, não há lei contra mentir sobre as urnas ou qualquer outro assunto. Ou o Dino foi punido por mentir esses dias que o voto é secreto na Suprema Corte americana? Ou, sem sair do tema, por ter dito no passado que as urnas podem ser fraudadas por quem as controla?
Pois é, esses são os crimes de Bolsonaro.
Quer dizer, ainda tem o dos perigosos idosos que perderam o direito ao duplo grau de jurisdição e a acusação individualizada, sendo julgados pelo próprio acusador e por batelada. Eles invadiram o prédio para derrubar a democracia mediante complô armado, só esqueceram de levar as armas. E é evidente que foram comandados por Bolsonaro.
Mas se ele quisesse dar um golpe não seria mais simples fazer isso enquanto ainda estava no poder e comandava as próprias FFAA? Seria, mas não procure sentido nos raciocínios de quem não sabe ou finge não saber pensar.
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