sábado, 26 de agosto de 2023

Segura (de novo) peão

Reservaram o sábado para falar a verdade? Ele são gentis, na Foice/UOL se lê que o desgoverno "derrapa no arcabouço e depende de barganha para orçamento", mas é o reconhecimento de que o palhaço das reuniões internacionais e o pintor de ciclovias estão pouco se lixando para o rombo que tentarão jogar o mais possível para a frente.

Ao lado, outra manchete informa que quase a metade das "obras do novo PAC" já foram prometidas e não foram realizadas na primeira versão da empulhação. A proporção sobe no Norte e Nordeste, chegando a mais de 70% no estado com mais promessas requentadas. Todo bom vigarista sabe a quem consegue enganar.

Já o Ex-tadão, em editorial, destaca a "negligência" do lulopetismo com os serviços de água e esgoto. E ressalta que ela atinge os mais necessitados, perpetuando os ciclos de pobreza. Pois é, mas como é que o camarada vai acreditar em fantasias como o "novo PAC" e votar em bandido se não for mantido num nível sub-humano?

Mas dessas observações quase respeitosas consiste toda a crítica dessa turma. A fome e a fila do osso, por exemplo, os jornalões esqueceram. Os açougues não vendem mais osso? E aqueles milhões de famintos que "um estudo" encontrou, que fim levaram? Sumiram, devem ter entrado num universo paralelo.

Segura peão

Bendita internet, as imagens foram tão acachapantes que eles não tiveram como não noticiar. No cantinho ou no meio do texto, lá está: Bolsonaro foi ovacionado pela multidão reunida em Barretos. Cabem ali 35 mil pessoas sentadas e até 50 mil no total, é público que muito clássico do futebol não tem.

Que político se arrisca a enfrentar uma massa dessas, que ele não pode controlar com militantes pagos ou coisa semelhante? Pouquíssimos se dariam bem e a maioria destes se contentaria em ser formalmente aplaudida por parte da multidão. Ovacionado, exaltado, recebido como ídolo pop? É para poucos.

Por que o ex-presidiário, teoricamente mais popular que o Capitão, nunca vai ver um jogo de futebol no estádio? Perguntas desse tipo os nossos argutos jornalões nunca fazem. Mas eles sabem. Com raivinha, sobrou para o editor da Foice colocar uma foto em que Bolsonaro se desequilibrou. Mas não caiu, o povo ao redor o segurou.

Clima pesado

Aniversário de 98 anos da matriarca, gerações reunidas, primos se reencontrando, crianças correndo pela casa, tudo para ser um daqueles eventos memoráveis da história familiar. Mas havia uma tensão no ar. E, como sempre acontece nessas ocasiões, uma pequena faísca causou a explosão:

- Quer uma cervejinha? Fique tranquilo que não é da Petrópolis.

- Você está insinuando alguma coisa?

- Eu? Imagine! Por que estaria? O que me interessa se eles contrataram um escritório com advogados parentes de três ministros e nenhum da nossa família?

- Você não entende, nós combinamos de fazer um rodízio, não dá para botar parentes de todos em todos os casos milionários, é preciso manter as aparências.

- Vocês estão preocupados com as aparências?! Não me faça rir. A realidade é que, desde a escola, você sempre foi o bobão da turma. E agora não está prejudicando apenas a si mesmo, mas a toda a nossa família. Foi para isso que o vovô se sacrificou para pagar seus estudos? Seu canalha!

A turma do deixa disso impediu a troca de socos, mas ele achou melhor se retirar. Saiu magoado: tanto sacrifício para jogar as leis no lixo e beneficiar essa turma, mas os ingratos ainda queriam mais. A custo conteve uma lágrima.


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