sábado, 5 de agosto de 2023

Notícias do harém vermelho

Chamil Jade, a odalisca que mais se faz de ingênua no harém da nossa extrema imprensa, até que acertou no título: A mentirá matará a democracia. Mas pode ter errado no tempo verbal e, como de hábito, se colocou como santa e inverteu completamente os sinais. O sultão adora quando ela inverte.

Não, agora ele não está mais dizendo que o Maduro é um ditador de extrema direita e Bolsonaro quer imitá-lo. O apoio explícito do ex-presidiário ao ex-motorneiro o fez ver que o venezuelano é um califa legítimo e democrático de nossa região.

Ele está falando de uma pesquisa da CNN americana, segundo a qual 39% dos republicanos afirmam que houve fraude na última eleição e mais 30 têm sérias dúvidas sobre ela. O total de 69 sobe para 75 entre os que foram às urnas e votaram em Trump. No geral, 61% dos americanos dizem que a eleição foi legítima e 38% dizem que não.

O outro 1% não sabe. E Chamil não sabe calcular, pois, com os números acima, afirma que "um terço" dos americanos não reconhece a vitória do velhote. 38% está mais para quatro em cada dez.

Aí ele começa uma choradeira cujo resumo é: A sobrevivência da democracia está baseada na confiança e numa saudável desconfiança, mas a malvada extrema direita desacreditou a "imprensa" e introduziu uma desconfiança doentia, que é baseada em mentiras e acabará por matar a democracia.

Pois é, fechada no harém, nossa pobre odalisca vê o mundo externo através de uma fresta na porta e o mede pelo que conhece no claustro.

Sua "verdade" é feita da recusa a reconhecer fatos incômodos e da deslegitimização dos que não fazem parte de sua patota. Quando os democratas pelos quais ele torce reclamaram da eleição do Bush estava tudo bem, agora, que houve uma ação coordenada e anunciada meses antes para derrubar Trump, a democracia vai acabar.

Ele nem mesmo se refere à parcela da imprensa que não concorda com seus amiguinhos. Para Chamil, "imprensa" é quem pensa como ele e "verdade" é o que esta turma decide que deve ser. Incomoda-o, mais que tudo, perceber que existe vida inteligente além do serralho e nem todos obedecem às suas regras.

"Verdade é a realidade com base nos fatos", ele diz. Mas pergunte se seus fatos incluem a recusa a tornar uma eleição auditável com voto impresso, confissões de vizinhos próximos como Pondé e Magnolli, que vimos dias atrás, ou uma declaração explícita como o "nós vencemos Bolsonaro" num congresso de extrema esquerda.

Teria muito, muito mais. Só que ele faz de conta que nada disso existe, na eterna tentativa de vender sua evidente e desonesta parcialidade como o contrário.

O sultão não está nem aí, importa-lhe apenas ganhar a guerra e depois matar os vencidos como animais selvagens. Mas a odalisca, coitada, nutria a esperança de ser aceita pelos seus encantos. E agora percebe, horrorizada, que o pessoal a vê cada vez mais como velha, suja, decrépita. E profundamente mentirosa.


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